Redação Pragmatismo
Polícia Militar 20/Abr/2017 às 16:15 COMENTÁRIOS
Polícia Militar

Manifestante que levou tiro da PM morre após lutar pela vida durante 25 dias

Publicado em 20 Abr, 2017 às 16h15

Manifestante vítima de um dos episódios mais covardes de 2017 não resiste e morre depois de 25 dias lutando pela vida. O jovem de 19 anos participava de um protesto contra a violência e foi alvejado justamente por quem deveria lhe garantir segurança. Multidão acompanhou enterro. Advogado está sofrendo ameaças para deixar o caso

O Hospital Miguel Arraes, em Pernambuco, informou na última semana que Edvaldo da Silva Alves, de 19 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu.

O jovem foi baleado à queima roupa por um Policial Militar durante uma manifestação contra a violência no município pernambucano de Itambé. Relembre o caso aqui.

De acordo com o boletim médico, a equipe médica atestava que Edvaldo, internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde o dia 17 de março, apresentava uma melhora lenta, mas progressiva no quadro respiratório, e a cada dia precisava menos do suporte mecânico de respiração.

No entanto, Edvaldo vinha apresentando febre, o que representava ainda um quadro não resolvido de infecção e por isso continuava utilizando antibióticos. O jovem piorou e não resistiu.

Por meio de nota, o Governo de Pernambuco lamentou a morte. “O governo lamenta profundamente o falecimento de Edvaldo da Silva Alves. O governo reafirma o seu firme compromisso de desautorizar e impedir qualquer abuso de força por parte das polícias do estado. A apuração do ocorrido está em andamento, estando os policiais envolvidos no caso sendo devidamente investigados”.

Em solenidade, o governador Paulo Câmara falou sobre a morte do jovem. “Já determinei que a Procuradoria Geral do Estado busque meios jurídicos para o mínimo de reparação junto à família desse jovem. Ao mesmo tempo, já cobrei no âmbito da Polícia Militar que a apuração desse episódio seja concluída, para que a gente possa saber o que realmente aconteceu e punir as falhas que ocorreram essa questão”, disse Câmara.

Enterro e ameaças

Uma multidão marcou presença no velório e no enterro de Edvaldo. Entre os presentes, amigos e parentes do jovem, além de moradores do local que se sensibilizaram com o ocorrido. “Ele era uma pessoa muito especial. Estava lutando por mais segurança aqui em Itambé. E essa luta custou uma vida”, disse Laura Vitória, 17, amiga de Edvaldo Alves.

O advogado da família, Ronaldo Jordão, esteve presente no enterro e contou que foi ameaçado no último dia 31 e que tem sido pressionado a deixar o caso.

“Recebi uma ligação de um colega advogado dizendo que era melhor que eu me afastasse sob pena de ser morto. Já ontem, fiquei sabendo que dois defensores públicos foram pré-designados para atuar no caso. Mas a família já tem defesa. Edvaldo e sua família precisam ser respeitados”, declarou.

Inquérito

A Polícia Civil de Pernambuco pediu nesta quarta-feira (19) prorrogação do prazo para concluir o inquérito sobre o homicídio de Edvaldo Alves.

De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Civil, a extensão do prazo é necessária para aguardar o resultado da perícia tanatoscópica, determinante na causa da morte. Esse laudo precisa ser anexado ao inquérito criminal para que o mesmo seja concluído.

Por meio de nota, a Polícia Civil informa que, apesar de o prazo legal permitir mais 30 dias para a conclusão, o inquérito seguirá para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ainda este mês.

A corporação informou que todas as testemunhas já foram ouvidas.

Entenda o caso

No dia 17 de março, Edvaldo participava de um protesto contra a insegurança em Itambé, na rodovia PE-75, quando foi alvejado por um disparo efetuado após um PM fazer menção a quem levaria um tiro primeiro.

Alvejado, sangrando, acabou sendo arrastado por PMs, sendo agredido e jogado na caçamba de uma viatura e depois socorrido para o Hospital Miguel Arraes.

As cenas foram gravadas num vídeo [ver abaixo] e disponibilizados pela Internet, com um áudio em que moradores do município gritavam contra a ação da PM num protesto pelo qual clamavam por policiamento e segurança contra assaltantes.

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