Eleições 2018

Carmen Lúcia, presidente?

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Cármen Lúcia Antunes Rocha, presidente do STF (reprodução)

Cristovão Borba Soares*, Pragmatismo Político

É inegável que Brasil passa, nesse momento, por uma crise geral em vários setores: política, econômica e até mesmo moralmente, nosso país enfrenta um sério problema em sua máquina pública.

A crise econômica, com medidas de austeridade, interferência estatal de forma inteligente e corte de gastos, além de outras medidas, pode ser resolvida com menos de meia década. A crise política, após a decisão da cassação ou não da chapa DilmaTemer, deve esfriar até as eleições de 2018. A crise moral, entretanto, não pode ser resolvida com atitudes de última hora, ou com o populismo visto na pré-campanha das próximas presidenciais. A crise moral dentro da política brasileira só pode ser resolvida com a escolha consciente, por meio da população, de um congresso que represente os reais interesses da nação, e a vitória de um presidente que una o país em torno de um ideal, trazendo novamente o respeito do povo brasileiro às instituições governamentais.Esse nome pode ser nada mais nada menos do que a presidente do STF, Carmen Lúcia.

Quando, nos corredores do poder em Brasília, a possibilidade da saída de Michel Temer é levantada, a dúvida sobre quem assumiria a chefia de estado é respondida com nomes como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do senador Antônio Anastasia, e também o de Carmen, que, mesmo não sendo amada na capital, é inegavelmente respeitada.Atualmente, é sem dúvidas a pessoa mais influente da república, ocupando a vaga de um presidente que perdeu a legitimidade antes mesmo de começar a governar, e de um congresso controlado por dois nomes escolhidos a dedo para serem controlados pelo Planalto. Carmen Lúcia assumiu essa missão, talvez até sem perceber, conseguindo, com sua retórica direta e seu bom-senso, estabilizar o país em várias ocasiões- como no caso da liminar que retirava Renan Calheiros da presidência do senado, onde a ministra botou panos quentes sobre a crise, mostrando um jogo de cintura invejável.

Nessa eventual cassação do mandado de Michel Temer, Carmen Lúcia é um nome natural para a presidência, mas e para 2018? As pesquisas ainda ignoram a possibilidade de uma possível candidatura da ministra, enquanto colocam Joaquim Barbosa como eventual candidato. A candidatura de Barbosa, no entanto, é muito mais fraca, já que ele representa, para muitos brasileiros, um sentimento quase anti-petista, o que reduziria o número de possíveis votos dentro da esquerda brasileira. Além disso, ele teria que se candidatar por um partido de centro-direita, dividindo ainda mais o eleitorado dessa ideologia.

Para ganhar, Carmen precisaria de se aliar a classe política, o que não é de sua índole. Seu perfil (até agora) se encaixa em um partido de centro-esquerda até centro, e o PSB poderia ser uma boa opção para levar C.L até o Planalto. Uma aliança de centro, unindo partidos chamados “nanicos“, daria a ela a capilaridade política necessária para realizar uma campanha vitoriosa.

Com uma carreira impecável e sem sombras, ela representa aquilo que o Brasil clama nesse momento.Não, ela não é um bastião da moralidade. Porém, Carmen Lúcia apresenta três atributos que são desejáveis no próximo (ou próxima) comandante em chefe do nosso país: experiência profissional louvável, habilidade em lidar com política e, principalmente, uma moral inquestionável. Numa eleição em que a honestidade promete ser fator decisivo, o nome de uma das maiores juristas do país pode se tornar a melhor opção.

*Cristóvão Borba Soares é aluno do CAp-COLUNI da Universidade Federal de Viçosa e colaborou para Pragmatismo Político.

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