Redação Pragmatismo
Barbárie 24/Fev/2017 às 15:53 COMENTÁRIOS
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O caso macabro da escritora assassinada pelo noivo que conheceu na internet

Publicado em 24 Fev, 2017 às 15h53

Caso ganhou a mídia após correrem as notícias do desaparecimento de Helen. Noivo colaborou com as buscas, recebeu mensagens de solidariedade e não era considerado suspeito. Corpo da escritora (e do seu cachorro) foi encontrado em local improvável, bem distante de onde a polícia procurava por ela

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O noivo Ian Stewart e Helen Bailey (reprodução)

A vida da escritora britânica Helen Bailey, de 51 anos, mudou por completo com a morte do marido em 2011.

Tomada pelo pesar da perda e por solidão, ela criou um blog, o Planet Grief (Planeta Luto, em tradução livre), em que narrava sua experiência e se comunicava com outras pessoas que também sofriam com a dor de perder entes queridos.

Foi assim que conheceu e se apaixonou pelo homem que chamava de “viúvo grisalho gato” e que passou a tratar como seu futuro companheiro de vida.

Nesta semana, o noivo, Ian Stewart, de 56 anos, foi condenado a 34 anos de prisão pelo assassinato da escritora, após sete semanas de julgamento.

A promotoria disse que Stewart, descrito como “narcisista“, “frio” e “calculista“, planejou o assassinato para herdar a fortuna de Bailey, estimada em 4 milhões de libras (cerca de R$ 15,3 milhões), amealhada com a publicação de mais de 20 livros, entre eles a série Electra Brown, bastante popular entre adolescentes no Reino Unido – ainda inédita no Brasil.

Secretamente, ele administrou, por semanas, um remédio para dormir à sua noiva, até resolver asfixiá-la até a morte com um travesseiro.

Desaparecimento

O caso de Helen Bailey começou a tomar os jornais por causa das notícias de seu desaparecimento, em abril do ano passado.

Familiares, amigos e o noivo estavam preocupados. Stewart chegou a avisar a polícia que tinha encontrado um bilhete de Bailey, no qual ela dizia precisar de “espaço” e que havia ido à casa de férias que tinha no condado de Kent.

Logo depois, Stewart divulgou um apelo emocionado dirigido a Bailey, pedindo para que ela voltasse: “Você não só arrematou meu coração há cinco anos, como o tornou maior, mais forte e mais gentil. Agora sinto como se meu coração não existisse mais. Nossos planos ainda não estão completos e sem você não fazem sentido“.

Ele também mandou mensagens de texto para a escritora, pedindo notícias e implorando para que o chamasse.
Amigos organizaram buscas e fãs enviaram mensagens de solidariedade pelo telefone e redes sociais.

Mas, durante todo esse tempo, o corpo de Bailey – junto com o de sua cachorro, Boris – estava escondido embaixo da própria casa, bem distante de onde a polícia procurava por ela: na fossa séptica, embaixo da garagem.

O corpo foi encontrado pela polícia três meses depois de seu assassinato. A polícia só encontrou o corpo graças ao comentário de uma vizinha de Bailey, revelando a existência da fossa escondida.

‘Viúvo grisalho gato’

Bailey foi casada com John Sinfield – seu companheiro por 22 anos. Ele morreu afogado no mar em 2011, durante férias do casal em Barbados, no Caribe.

Durante o luto, achou que o blog poderia ajudar a dissipar seu sofrimento.

Começou escrevendo sobre lembranças do marido morto, sobre o primeiro Natal sem ele e sobre as várias coisas que passou a fazer sozinha.

O blog também registrou como Bailey conheceu Stewart, através de uma foto no Facebook que chamou sua atenção.

Ela passou a se referir a ele no próprio blog com as iniciais GGHW em inglês para “Viúvo Grisalho Gato”.

Desde o primeiro encontro senti como se o conhecesse toda minha vida“, escreveu.

A escritora começou a trocar mensagens com GGHW. Passaram a sair juntos e logo compraram uma casa em Royston, no condado de Hertfordshire, para onde se mudaram.

Planejavam se casar e estavam organizando a cerimônia, quando, em abril do ano passado, Helen Bailey foi dada como desaparecida.

‘Calado e reservado’

Descrito por muitos como “calado” e “reservado“, Ian Stewart ficou viúvo em 2010, quando sua mulher, Diane, morreu após um ataque epilético no jardim de casa, na Inglaterra.

Trabalhou como engenheiro de sistemas até ser forçado a se afastar do emprego por problemas de saúde. Sofria de insônia crônica e os médicos lhe receitaram um remédio chamado zopiclone, o mesmo encontrado pela perícia no corpo de Bailey.

Mavis Drake, vizinha do casal, disse que Stewart “não era muito comunicativo e era preciso tirar qualquer informação dele à força“.

Nunca, em um milhão de anos, os juntaria como um casal. Para mim, tinham personalidade completamente opostas“, opinou.

Durante o julgamento, foi revelado que, no dia em que Bailey foi morta, ele foi visitar o filho Jamie, jogou boliche e depois pediu comida chinesa “pra viagem“.

Também foi revelado ,enquanto a polícia ainda procurava pela escritora, ele renovou o cartão de sócio-torcedor do time de futebol Arsenal e foi de férias para Mallorca, na Espanha, usando a conta conjunta do casal.

Ele negou que tivesse assassinado Bailey, e alegou que foi chantageado por dois colegas de trabalho do falecido marido da escritora que a teriam sequestrado.

Alegou, durante o julgamento, que esses dois homens o ameaçaram matar seus filhos, caso ele informasse a polícia.

‘Meu final feliz’

Durante a sentença, o juiz Andrew Bright descreveu o crime como “horrível” e disse ao réu: “Sou firmemente da opinião que você atualmente representa um perigo real para as mulheres com quem você tem um relacionamento“.

Shelley Whitehead, que conheceu a escritora pouco depois da morte do primeiro marido, diz que ela era uma “mulher valente e cheia de bondade“, que, com seu blog, “ajudou a muitos que sofreram perdas“.

Helen continua viva em seus livros. Guardo cópias de seu último livro para dar a pessoas que ficam viúvas“, contou a amiga.

Seu último livro, When Bad Things Happen in Good Bikinis, lançado em 2015, foi baseado na sua experiência com o blog Planet Grief – e sua “jornada pelo luto“.

O livro traz uma dedicatória a Stewart.

Por último, dedico esse livro ao meu viúvo grisalho gato, Ian Stewart: te amo. Você é meu final feliz.”

BBC

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