Esporte

Torcedor covarde é denunciado pelo MP e reclama de ‘perseguição’

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Denunciado pelo Ministério Público, torcedor que agrediu colorados diz que está sendo perseguido e trocou até de casa. "Fui um babaca. Estou com vergonha de tudo", admite. Torcedores do Inter foram recebidos na sede do Fluminense e ganharam camisetas do clube

O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou nesta segunda-feira dois torcedores do Fluminense que ofenderam torcedores do Internacional na noite do último domingo, em um vagão de trem no Rio de Janeiro.

O episódio (relembre aqui) ocorreu logo após o empate em 1 a 1 entre o time carioca e a equipe colorada, que culminou no rebaixamento da última para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Bruno Vargas da Costa e Antonio Neto foram denunciados pelo órgão e foram incursos nas penas dos artigos 41-B da Lei nº 10.671/03 (promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000 (cinco mil) metros ao redor do local de realização do evento esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento); e artigo 140 (Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro), parágrafos 2º e 3º.

Para o primeiro artigo, a pena é de reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa.

Para o segundo artigo, detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência (prevista no segundo parágrafo, de “Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes”) e reclusão de um a três anos e multa (prevista no terceiro parágrafo, de “Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”) .

‘Fui um babaca’

Bruno Vargas Costa, o torcedor mais exaltado que aparece no fatídico vídeo, disse que sua vida está arruinada.

“Fui um babaca, perdi a cabeça ali. Estou com vergonha de tudo mesmo, principalmente da minha família. Estou arrasado pela minha mãe. Ele está mal, não merecia isso do filho. Nenhum ser humano, aliás, merece o que eu fiz ali. Isso estragou minha vida”, resumiu Bruno.

Por conta da repercussão negativa do vídeo, Bruno trocou o número de celular e abandonou até a antiga casa, em Niterói, município da região metropolitana do Rio de Janeiro. “Preferi me mudar. Não esperava essa repercussão toda. E só voltarei a trabalhar em 2017. Preferi sumir um pouco”, contou.

Alterado após cair na internet, o novo número de celular vem sendo utilizado para se comunicar com familiares e amigos. Na última terça, serviu para se comunicar com os colorados hostilizados no domingo.

“Procurei um profissional da imprensa do Sul e solicitei o telefone do Jacques. Liguei e perguntei se ele aceitaria conversar comigo. Foram 15 ou 20 minutos de papo, com ele sendo muito solícito sempre. Fiquei feliz que ele aceitou meu pedido de desculpas e reforçou que não queria nenhuma violência comigo. Também liguei para a outra pessoa que aparece no vídeo, o Daniel, igualmente receptivo”, explicou Bruno Vargas.

Recluso, o torcedor do Fluminense já se comunica com advogados e aguarda uma intimação da Justiça. “Estou esperando, sei que houve essa movimentação. E gostaria até de receber uma punição. Não vou falar que quero ser preso, mas também não gostaria de passar uma sensação de ‘0 a 0’, de que ficou tudo bem. Gostaria de pagar pelo meu erro”.

Antes da Justiça, Bruno já determinou uma punição a si mesmo. “É definitivo: não vou mais a jogos. E não falo igual o Messi na seleção argentina. Não recuo nessa decisão. Prometi, inclusive, para a minha mãe. Não tem mais clima. Não sentirei mais prazer de estar ali. Antes, eu era um cara querido. Fui a quase mil jogos já, guardando 70% dos ingressos, organizei caravanas, viajei com o Fluminense. Agora não terá mais prazer. Me arrependo muito disso tudo. Que as pessoas pensem duas vezes e entendam que jogo de futebol tem que ser ambiente de paz. Fui babaca ali e não pensei nisso”, pontuou o tricolor.

Colorados homenageados

Os colorados José Joaquim Jacques e Tiago Alegretti permaneceram calmos enquanto eram hostilizados pelos torcedores do Fluminense. “Se reagíssemos seríamos espancados”, revelou José, o torcedor de cabelos grisalhos.

Nesta semana, eles foram homenageados e receberam camisas do Fluminense e uma carta assinada pelo presidente do clube, Peter Siemsen.

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