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Liberdade alvissareira

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Operação Lava Jato (Imagem: Pragmatismo Político)

André Falcão*

Enquanto alguns poucos se mostram despreparados para a convivência democrática, agredindo, física ou moralmente, quem veste uma camisa vermelha ou se diz eleitor da presidenta eleita, e outros lutam por um Brasil livre(?), como se não estivéssemos vivendo o mais efetivo período de liberdade de toda a nossa história — tanta que tem-se visto um contingente lamentavelmente razoável (embora pequeno, em números absolutos) de brasileiros que livremente pedem o impeachment da presidenta reeleita (sem a mais mínima base jurídica, política ou popular para tanto), ou a instauração de novo golpe militar, mediante a destituição, à força, do governo democraticamente eleito e agora reeleito, — eis que justamente uma das marcas dos governos Lula e Dilma vem, na onda do avanço democrático e da luta contra a impunidade que somente nesses governos encontraram guarida, dar um alento a quem deu a vida pela democracia e aos que, vivos, lutam incessantemente para mantê-la e aperfeiçoá-la, cônscios de seu inestimável valor.

Refiro-me ao propalado escândalo da Petrobrás, ou Operação Lava-Jato (como denominado pela Polícia Federal), ou Petrolão, como quer a asséptica oposição ao governo Lula. Aquele escândalo que o oligopólio midiático — que tenta mandar e pautar este país — imaginou faria estragos irremediáveis na candidatura da presidenta Dilma, vazando suspeitas declarações formuladas em sede de delação premiada, ou escancaradamente falsas, como a capitaneada, às vésperas da eleição, pela revista-símbolo do jornalismo-lixo deste país.

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Desde tempos remotos da nossa república (no governo militar já era referido, mas à boca pequena, por motivos óbvios), vez por outra a Petrobrás vê seu nome envolvido em escândalos. Um de seus dirigentes referidos na aludida operação, por exemplo, lá está desde a década de 1970. Nada jamais foi investigado.

Mas agora o governo é outro, meu caro(a) leitor(a). Embora haja quem ache que este não é um país livre (ah! a liberdade, que até esses equívocos permite…), a Polícia Federal, por exemplo, tem hoje tanta autonomia, que até ultrapassa limites inaceitáveis, como quando vem a público que alguns delegados seus, à frente de investigações, faziam abertamente campanha contra Dilma nas redes sociais. Donos das maiores empreiteiras deste país foram detidos para investigação, porque há indícios fortes de sua participação como corruptores, espécie de gatuno nunca antes importunado pra valer.

É alvissareiro demais.

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político

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