Redação Pragmatismo
Religião 23/Mai/2014 às 11:01 COMENTÁRIOS
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Facebook e Twitter são inimigos das religiões, diz pastor

Publicado em 23 Mai, 2014 às 11h01

Pastor disse estar cada vez mais convencido de que as mídias sociais estão minando as religiões

Religião prospera quando a comunicação ocorre entre uma pessoa e um único público — quando, por exemplo, um pregador fala aos integrantes de sua congregação ou quando um fiel ora diretamente a Deus. Mas a religião retrocede quando a comunicação se destina a diferentes públicos, como se dá nas redes sociais, porque nesse caso uma mesma mensagem é transmitida para diferentes contextos, criando neles distorções, constrangimento e tensão.

Essa análise é do pastor presbiteriano Henry G. Brinton, da Igreja de Fairfaix, em Fairflax (Virgínia, EUA). Ele escreve artigos sobre religião e cultura para Washington Post, USA Today e Huffington Post, entre outras publicações. É autor ou co-autor de cinco livros, como “Raízes e Frutos da Hospitalidade Cristã”.

A abordagem de Brinton vai no mesmo sentido de uma recente pesquisa que detectou que nos Estados Unidos a popularização da internet coincidiu com o aumento de pessoas que afirmam não ter religião. Em 1990, 8% da população não tinha nenhuma preferência religiosa. Em 2010, essa porcentagem mais que duplicou, chegando a 18%.

Leia também: Fundamentalismo religioso é causa de graves transtornos mentais

Em sua argumentação, Brinton usou a expressão “colapso de contexto” cunhada pela estudiosa de comportamento de jovens e de internet. Trata-se de danah boyd (ela não usa letras maiúsculas em seu nome).

Ele disse estar cada vez mais convencido de que a mídia social está minando a religião, com mensagens que tentam abarcar todos os “gostos” para obter “seguidores” entre os quais muitas vezes uns não têm nada a ver com outros.

“[Isso] distrai as pessoas de um relacionamento com Deus e com os seus vizinhos mais próximos”, argumentou, dizendo que essa perda de contexto deve ocorre com as mensagens do papa Francisco pelo Twitter, com 3,8 milhões de seguidores.

Escreveu: “Pense no que acontece quando você posta uma foto ou uma mensagem no Facebook: você enviar esta única mensagem para vários públicos constituída por amigos, familiares, colegas e vizinhos. Muitos contextos são recolhidos em um só, o que cria problemas, porque a comunicação normal requer que você se conecte com cada um desses grupos de maneira um pouco diferente. Em vez de uma comunicação clara, você acaba criando constrangimento e tensão”.

Assim, para ele, o recomendável é que o religioso no Facebook, por exemplo, envie mensagem para uma pessoa ou para um grupo de tema bem definido, de modo a preservar o contexto. Mas, disse, muitas organizações religiosas tentam chegar a tantas pessoas quanto possível, o que pode ser um tiro pela culatra.

“A fé religiosa se torna mais forte quando reservamos um tempo para nos afastarmos do mundo e se concentrar em Deus e ter contato mais próximo com os vizinhos, em vez de segui-lo no Twitter”, escreveu o pastor.

“A palavra ‘religião’ vem do latim religare , ‘ligar’, o que significa que a nossa religião nos liga uns a outros, à comunidade e a Deus por intermédio de um conjunto de práticas espirituais.”

Para Brinton, as pessoas precisam fazer esforço para não ficar tão expostas à ausência de contexto das redes sociais. Ele elogiou o “Dia Nacional da Desconexão”, que transcorre nos Estados Unidos em março, quando muitas pessoas mantêm desligados o celular, tablet e computador por 24 horas.

Isso, segundo ele, reaproxima as pessoas de Deus.

Paulopes e Huffington Post

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