Genoino é conduzido às pressas para hospital de Brasília
Há dias família, amigos e médicos alertam sobre fragilidade da condição de saúde de José Genoino, que aguarda decisão de Joaquim Barbosa sobre prisão domiciliar
O deputado José Genoino teve de ser encaminhado às pressas, poucos minutos atrás, para uma unidade do Instituto do Coração (Incor) no Distrito Federal. Sua assessoria descartou que tenha sido um princípio de infarto, mas confirmou que seu estado de saúde piorou bastante entre a noite de ontem (20) e a manhã desta quinta-feira (21). Ele continua tossindo sangue, reclamando de dores no peito e não tem conseguido dormir.
A remoção às pressas de Genoino do Complexo Penitenciário da Papuda para um hospital em Brasília aumentou ainda mais a expectativa em frente ao local. A Papuda fica em São Sebastião, onde estão os 11 primeiros réus presos na Ação Penal 470, o mensalão. Militantes do PT entram e saem da tenda montada em frente ao local à espera de algum desfecho em relação ao pedido para que o deputado José Genoino seja encaminhado para um hospital em definitivo ou tenha a pena revertida em prisão domiciliar. E aguardam notícias sobre o seu real estado de saúde neste momento.
Os parlamentares que o visitaram, por outro lado, externaram preocupação com o estado emocional de Genoino. Na manhã de hoje (21), a militância divulgou, perante os repórteres e nas redes sociais, mensagem de dois dos filhos do deputado, Miruna e Ronan, que tiveram de retornar a São Paulo ontem. Na mensagem, com o título “Ajudem a Denunciar”, eles informam que o médico do presídio solicitou ontem que ele fizesse uma série de exames e reiterou que estes deveriam ser realizados em um hospital, o que foi negado pelo juiz de execuções criminais. “Nosso medo de que aconteça algo grave com ele está grande, real, por favor ajudem a divulgar essa barbaridade!! Estão negando a José Genoino uma necessidade médica!!!”, dizia o texto, divulgado horas antes de o deputado passar mal.
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Da família de Genoino, permanece em Brasília apenas a esposa Rioco e uma das filhas, Mariana, que mora na cidade. Os outros dois filhos tiveram de retornar à capital paulista por conta de compromissos pessoais. Miruna, inclusive, chegou a contar na segunda-feira, bastante abalada, que teria de voltar porque amanhã é aniversário da filha Paula, que completa 7 anos – até mesmo como forma de evitar maiores abalos psicológicos nas crianças da família.
Tensão emocional
Entre ontem e hoje, além do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, fizeram visita aos presos no complexo penitenciário: Erika Kokay (PT-DF), Renato Simões (PT-SP) – suplente de Genoino -, e Zeca Dirceu (PT-PR) – filho de José Dirceu, e os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Wellington Dias (PT-PI) – líder do partido no Senado) – e Paulo Paim (PT-RS).
“Nós todos recomendamos toda atenção a ele. Pedimos ao Ministério da Justiça. É importante que ele possa cumprir a prisão domiciliar. Uma pessoa nas condições em que ele está, houve um procedimento inadequado da parte do presidente do Supremo em forçá-lo a fazer tudo o que colocou para o Genoino”, disse Suplicy, em conversa por telefone, após a visita à Papuda.
Conforme informações repassadas por eles, José Dirceu e Delúbio Soares falaram muito mais na grande preocupação que estão sentindo com a saúde de José Genoino, que tem mantido os olhos baixos e demonstrado sinais de abatimento. Os parlamentares mencionaram, ainda, achar que os problemas têm se agravado muito mais devido ao seu estado emocional, como externou a deputada Erika Kokay, que é psicóloga.
Já o deputado Renato Simões (PT-SP), que o visitou ontem, disse que além da questão da saúde propriamente, o grande problema para Genoino é o fato de estar vivendo, outra vez, uma situação que o lembra muito a que passou 40 anos atrás, quando foi preso durante o período da ditadura. “É um absurdo o que estão fazendo. Para ele, a prisão está sendo uma ameaça de morte”, contou, numa frase que tem sido repetida constantemente pelos militantes em frente à Papuda.
Adiamento
Na Câmara dos Deputados, os parlamentares que compõem a Mesa Diretora – pressionados pela base aliada do governo – decidiram adiar por mais alguns dias a discussão sobre a abertura do processo de cassação de Genoino. Na reunião, programada com este objetivo, o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), pediu vistas do processo, o que adia o debate sobre o tema até a próxima quarta-feira (26).
Vargas definiu como “muito vaga” a carta encaminhada pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, à Câmara, comunicando a prisão do deputado. “Consideramos esse documento insuficiente para um caso especialíssimo envolvendo uma pessoa que tem grave problema de saúde, sem condições de se defender e com um pedido de aposentadoria já em tramitação nesta Casa”, afirmou.