Berlusconi manteve relações com Ruby sabendo que ela era menor
Berlusconi manteve relações sexuais com Ruby e sabia que ela era menor, diz Justiça italiana. Tribunal de Milão também apontou que Berlusconi era o "diretor" do "bunga bunga", as festas de 'índole sexual' que fazia em casa
O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi manteve relações sexuais com a jovem marroquina Karima O Marough, mais conhecida como Ruby, em troca de dinheiro e ciente de que ela era menor de idade. Estas são as conclusões incluídas nas motivações da sentença com a qual um Tribunal de Milão condenou – em primeira instância – Berlusconi a sete anos de prisão e à inabilitação do exercício de um cargo público pelos crimes de abuso de poder e incitação à prostituição de menores, no chamado caso Ruby.
“Resulta provado que o acusado manteve relações sexuais com Karima O Marough em troca de ingentes quantidades de dinheiro e outras utilidades, como joias”, afirmaram as juízas encarregadas do caso.
Além disso, as magistradas indicaram Berlusconi como o “diretor” do “bunga bunga“, nome com o qual o ex-primeiro-ministro chamava as festas de índole sexual que eram realizadas em sua residência de Arcore, próxima a Milão, e que, segundo algumas testemunhas, consistiam em um jantar e um show com diferentes jovens.
De acordo com as juízas, a prova de que Berlusconi sabia que Ruby era menor de idade vem da chamada feita pelo ex-primeiro-ministro a uma delegacia de Milão entre os dias 27 e 28 de maio de 2010, na qual ele, para conseguir que Ruby fosse libertada por um pequeno roubo, alegou que a jovem era sobrinha do então presidente egípcio Hosni Mubarak.
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“A prova que Berlusconi sabia se extrai de forma lógica por causa de seu comportamento, após o controle realizado a Karima na delegacia de Monforte-Vittoria”, afirmam as juízas em suas motivações da sentença.
De acordo com as magistradas, as pressões que Berlusconi exerceu no caso da delegacia tinham o objetivo de “se proteger” e evitar que Ruby “revelasse a atividade de prostituição”. Além disso, o político conservador também é acusado de manipular de forma sistemática as provas do processo.
“O Tribunal considera que deve levar em conta a capacidade de delinquir do acusado, derivada da conduta subsequente aos delitos, consistente em atividades sistemáticas de alteração das provas a partir do dia 6 de outubro, desenvolvidas com a entrega de ingentes quantidades de dinheiro a Karima O Marogh e outras testemunhas do processo”, afirmam.
Embora Berlusconi tenha sido condenado no último dia 24 de junho, a imprensa italiana não tinha acesso às motivações da sentença até agora, após uma recusa inicial da presidente da Quarta seção penal do Tribunal de Milão, Giulia Turri, que tinha negado tal autorização.
O escândalo Ruby veio à tona em outubro de 2010, quando a imprensa informou que Berlusconi tinha ligado seis meses antes para uma delegacia de Milão para tentar libertar Ruby, então com 17 anos. O ex-primeiro-ministro nega as acusações e reclama de “perseguição” por parte dos magistrados italianos, que supostamente querem “tirá-lo da política”.
Ruby, que estava retida na delegacia por ter roubado 3 mil euros de uma amiga, foi liberada e entregue à conselheira regional da Lombardia, Nicole Minetti, condenada em primeira instância em um processo paralelo como uma das pessoas que facilitavam meninas a Berlusconi.
Além da apelação pelo caso Ruby, Berlusconi tem também pendente a apelação da condenação a um ano de prisão do caso Unipol, pela publicação de escutas telefônica no jornal “Il Giornale”, de propriedade de seu irmão Paolo.
Berlusconi também deve enfrentar um novo julgamento pela suposta compra do senador Sergio de Gregorio em 2007, uma medida que tinha intenção de derrubar o governo de Romano Prodi.
Agência Efe