Redação Pragmatismo
Capitalismo 21/Out/2013 às 16:40 COMENTÁRIOS
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Pai publica 'regras de mesada' para filhos e faz sucesso na internet

Publicado em 21 Out, 2013 às 16h40

Pai posta como calcula a mesada dos filhos e faz sucesso na internet. A lista de normas penaliza por "faltar, atrasar ou reclamar para ir à escola", "pular no sofá/cadeiras", "não tomar banho" e "desobedecer pai ou mãe", entre outras

Um post de Vitor Yamada, 37, juiz do Trabalho em Rondônia, está fazendo sucesso na internet. Yamada, que é casado há 10 anos e pai de Giullia, 8, e Vitor, 6, divulgou as regras de mesada para os filhos.

A tabela inclui descontos para desobediência, notas baixas e mau comportamento. Faltar, atrasar ou reclamar para ir à escola causa desconto de R$ 1,00 na mesada, por exemplo. Deixar a TV ligada custa R$ 0,50. Desobedecer ao pai ou à mãe reduz a mesada em R$ 3,00.

Com mais de 116 mil compartilhamentos até às 15h do dia 21/10/13, a maioria dos comentários dos visitantes da página era favorável à adoção das medidas.

Yamada diz que apenas divulga fotos no Facebook para conhecimento da família e jamais esperou que o post alcançasse tamanha repercussão. “Um amigo foi compartilhando com outro e virou essa bola de neve”, diz.

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Pai posta regras para descontar mesada de filhos e faz sucesso na web (Reprodução / Facebook)

O magistrado diz que a ideia da mesada partiu de sua filha Giullia, que quis receber o dinheiro para comprar suas próprias coisas. “Vitor foi no vácuo”, na expressão do pai. Ele elaborou a tabela como um meio adicional de educar os filhos.

Consultado sobre a tabela, o especialista em educação infantil, Álvaro Modernell, não concorda com o sistema.

“Discordo frontalmente desse tipo de instrumento. Quem deve educar os filhos são os pais, não o dinheiro.”

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Para o educador, colocar preço nas atitudes erradas das crianças é o mesmo que admitir que basta pagar multas indefinidamente para poder desrespeitar pessoas, normas, leis, como se o dinheiro pudesse cobrir ou resolver tudo.

“Isso pode estimular a arrogância das crianças mais ricas, a falta de limites para quem tem dinheiro, a monetização das atitudes. Ainda que a intenção seja boa, e claro que deve ser, parece-me uma atitude tipo ‘lavar as mãos’. O que educa crianças é atenção, carinho, orientação, acompanhamento, dedicação, amor, exemplo.”

Modernell diz que as regras da casa ou da família, ou mesmo as da sociedade, devem ser cumpridas e respeitadas por todos, independentemente de estímulo ou punição financeira. “Estabelecer esse tipo de tabela é admitir e aceitar que se façam coisas erradas que podem simplesmente ser contornadas com dinheiro.”

Para o educador, colocar as crianças lado a lado pode estimular a rivalidade entre os irmãos, invejas e disputas, já que o perfil das crianças é diferente. “Acho uma exposição desnecessária. Além do mais, se os pais não aceitarem as diferenças entre os filhos, quem aceitará?”

Yamada diz concordar com as críticas do especialista, mas afirma que o retrato da tabela do Facebook é algo frio, estático, e que ela não está sendo usada para substituir a educação, mas para atuar como um complemento.

“Quando meus filhos não cumprem seus deveres, eles têm o valor descontado na mesada, mas também são obrigados a realizar os deveres relegados, como a lição de casa.”

O juiz diz que a ideia da planilha não é substituir o afeto e a educação pela mesada, mas preparar os filhos para a vida adulta.
“Infelizmente, por menos que a gente queira, hoje o mundo é monetizado. Se você falta ao trabalho sem justificativa, tem seu salário descontado. Se comete uma infração de trânsito, leva uma multa.”

Vitor Yamada acredita que a mesada está sendo positiva para os filhos. Ele conta que outro dia a filha quis trocar a caixa de lápis de cor por uma nova. Usou o dinheiro da mesada. Já o filho, que quer comprar um brinquedo mais caro, resolveu poupar o gasto para juntar e poder realizar o desejo.

Economia, UOL

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