"Mulheres não dirigem para preservar ovário" diz conservador saudita
Mulheres são proibidas de dirigir para não "danificar ovário", diz um dos líderes religiosos mais influentes do país
Um dos principais clérigos da ala mais conservadora da Arábia Saudita tentou justificar a proibição às mulheres de dirigir alegando que elas correm o risco de “danificar seus ovários” e, consequentemente, gerar filhos com problemas clínicos. Desde o início de 2011, durante a explosão da Primavera Árabe, aumentaram os protestos pelos direitos da mulher, incluindo a permissão para conduzir automóveis.
Segundo o sheik Saleh al Lohaidan, “se uma mulher dirige um carro, que não seja em caso de pura necessidade, isso poderá ter impactos fisiológicos negativos. Estudos médicos e fisiológicos mostram como isso afeta automaticamente os ovários e empurra a pélvis para cima “, disse o líder religioso em entrevista ao site Sabq.org. “É por isso que encontramos naquelas mulheres que dirigem regularmente filhos com problemas clínicos em diferentes níveis”, completou.
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Com essa declaração, ele respondeu a ativistas que organizam um ato de desrespeito à lei marcado para o dia 26 de outubro, que se espalhou pelo país e ganhou publicamente apoio de várias mulheres. Nesse domingo (29), porém, o site da campanha foi bloqueado no país.
Na entrevista, o sheik advertiu às mulheres que querem participar do protesto para colocarem “a razão à frente de seus corações, emoções e paixões”. O sheik, no entanto, não é formado em medicina nem especificou as fontes dos estudos a que ele se referiu.
Lohaidan foi ex-ministro da Justiça do país e é um dos 21 membros do Conselho Superior Judiciário de Religiosos do país, únicos a terem o direito de redigir éditos religiosos (fatwas). É assessor direto do governo e possui grande número de seguidores entre conservadores influentes. Trata-se de um dos mais ferrenhos opositores à série de reformas empreendidas pelo rei Abdullah para aumentar os direitos das mulheres.
O Conselho não tem poder de deliberar leis na Arábia Saudita, poder compartilhado exclusivamente pelo rei Abdullah, mas uma oposição do órgão às reformas pode significar um freio às reformas empreendidas pelo poder real.
Não existe uma lei no país que proíba as mulheres de dirigir, mas as licenças de motoristas são concedidas unicamente aos homens. Na última semana, o sheik Abdulatif al Sheik, chefe da “polícia moral”, disse à agência de notícias Reuters não existir qualquer restrição na sharia que proíba as mulheres de dirigir.