Luis Soares
Colunista
Política 23/Ago/2010 às 23:44 COMENTÁRIOS
Política

A “onda Dilma” precisa envolver eleição para o Congresso

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 23 Ago, 2010 às 23h44
O anúncio, no sábado (21), da dianteira de 17 pontos percentuaisalcançada por Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais sobre o candidatoda direita à Presidência da República, José Serra (segundo o Datafolha,ela tem 47% das preferências, contra 30% do tucano) aprofundou odesânimo e a apatia na campanha da oposição. E, simultaneamente acendeua luz verde para outra disputa, que ganha destaque: a luta paraderrotar a direita e os conservadores também na Câmara dos Deputados eno Senado.

A perspectiva de crescimento, nas duas casas legislativas, das bancadasdos partidos que apoiam o governo do presidente Lula já se delineava háalgum tempo. Um levantamento recente feito pelo Diap (DepartamentoIntersindical de Assessoria Parlamentar) confirma essa perspectiva deforma mais concreta e revela que haverá uma renovação de metade dosdeputados federais, como vem ocorrendo nas últimas eleições, e de maisda metade no Senado.

Mostra também que o grande perdedor nesta eleição será o Democratas,que sairá das urnas reduzido a um tamanho muito próximo à importânciaque mantém na conjuntura atual. Há quem diga que, na melhor dashipóteses, o DEM vai eleger no máximo 45 deputados, perdendo a condiçãode partido grande.

O DEM é o herdeiro direto da ditadura militar que conseguiu manter, aolongo destes 25 anos depois do fim daquele regime de arbítrio, umainfluência política bastante grande. Ele é um dos ramos em que o PDS(Partido Democrático Social, ex-Arena, o partido da ditadura de 1964)se dividiu na eleição de Tancredo Neves em 1985, formando o PFL(Partido da Frente Liberal) que, depois, adotou o nome de Democratas.Foi graças ao rompimento com os generais que conseguiu essa sobrevidaextensa para as forças da direita representadas por nomes como ofalecido Antonio Carlos Magalhães, Jorge Bornhausen, Marco Maciel,entre outros. É o último representante direto da ditadura que conseguiusobreviver entre os grandes partidos até a eleição deste ano e, agora,está na iminência de naufragar. A opinião unânime dos analistas diz queserá o principal perdedor na eleição deste ano.

O Congresso que toma posse em 2011 poderá ter alterações que indicarãouma nova correlação de forças no país. Hoje, as três maiores bancadasda Câmara dos Deputados são do PMDB, do PT e do PSDB. Tudo indica quecontinuarão sendo, mas a ordem de importância vai mudar. O PT poderáficar no primeiro lugar, seguido pelo PMDB, com o PSDB em terceirolugar.

No Senado, o PMDB tem hoje a principal bancada, seguido pelo PSDB, DEMe com o PT em quarto lugar. Em 2011 essa situação pode mudar, com oPMDB mantendo a liderança, seguido pelo PT e deixando os tucanos emterceiro lugar e os demos em quarto.

Uma indicação do avanço previsto é a estimativa de crescimento dasbancadas do Partido Comunista do Brasil que poderá, este ano, elegermais de 15 deputados federais e três senadores.

A “onda Dilma”, que vai se espalhando pelo país já desde a primeirasemana do início da campanha eleitoral na televisão, precisa envolvertambém o Congresso Nacional, principalmente o Senado, que tem sido aprincipal trincheira da oposição contra as mudanças efetuadas desde aposse do presidente Lula, em 2003.

O Congresso é a instituição onde estão os conservadores maisestridentes, os mais loquazes porta-vozes da direita, que usam atribuna e seus mandatos para produzirem factóides políticos retrógradosque, depois, são amplamente repercutidos pela imprensa do grandecapital.

São ferozes defensores do retrocesso neoliberal e de medidas contra opovo, a democracia e a nação. Usam seus mandatos para defenderinteresses particulares dos grupos que representam, desdenhando todainiciativa cujo objetivo seja o desenvolvimento nacional, a quebra dosprivilégios, a ampliação dos direitos sociais e da participaçãopopular. São sobrevivências de um passado que o Brasil luta parasuperar, contra o qual tem conseguido avanços significativos desde aeleição do presidente Lula, em 2002.

Para o Brasil continuar no mesmo rumo atual e aprofundar as mudançascom novos ganhos que beneficiem os trabalhadores, a cidadania e aeconomia nacional, o poder desses grupos precisa ser derrotado. Issodepende fundamentalmente da luta dos brasileiros e da manifestação desua vontade de mudança ao escolher seus candidatos para deputados esenadores em 3 de outubro. Para avançar, os brasileiros precisam elegerDilma e, junto com ela, parlamentares em todos os níveis comprometidoscom o programa de mudanças que ela representa.

Editorial Vermelho

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