Luis Soares
Colunista
Política 26/Ago/2010 às 15:55 COMENTÁRIOS
Política

Com medo de vexame, Serra cobra mobilização e estrutura do PSDB

Luis Soares Luis Soares
Publicado em 26 Ago, 2010 às 15h55
Depois de passar toda a campanha ignorando seus auxiliares ealiados, o tucano agora quer exigir mais mobilização partidária. Tudono sentido de conter a sangria se sua candidatura e reverter ocrescimento da oponente Dilma Rousseff, da coligação Para O BrasilSeguir Mudando.

Pondo mais uma vez em prática sua vocação autoritária e centralizadora,Serra cobrou uma série de medida do comando da campanha e do PSDB. Elequer que os tucanos se sacrifiquem para oferecer mais infraestruturanos estados e contratar cabos eleitorais — além de intensificar aprodução de material de campanha e melhorar a distribuição.

Na madrugada de terça para quarta-feira, durante reunião com acoordenação da campanha, Serra declarou que só terá chances de chegarao segundo turno se a sua candidatura tiver mais visibilidade, comdistribuição de panfletos e presença de cabos eleitorais nas ruas.

Além de Serra, participaram da reunião, em São Paulo, o presidentenacional do PSDB e coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PE);José Henrique Reis Lobo, da área financeira administrativa; e SérgioKobayashi, de infraestrutura.

No domingo, o partido já havia convocado uma reunião da áreaadministrativa e de infraestrutura com o setor de arrecadação, paratentar articular melhor as áreas. Depois da reunião entre as partes,Serra convocou os três tucanos para o encontro de anteontem.

Divergências públicas

O encontro serviu para os tucanos definirem mais ações para conter oavanço de Dilma. Uma das medidas a serem adotadas pela campanha Serra é”colar” os candidatos nos estados ao presidenciável. Ficou acertado quecerca de R$ 20 milhões serão gastos com a produção de itens para adivulgação, como banners e santinhos.

Segundo Guerra, a produção de material para a campanha de Serra será”triplicada” e enviada aos estados com mais agilidade. “A prioridade éabastecer todos os estados”, afirmou. Lobo, porém, negou que o materialvenha a ser triplicado, embora afirme que estava programado um aumentocom o início do horário na TV.

Kobayashi também desautorizou Guerra. “A demanda é sempre superior àprodução. Os recursos são finitos. Não faremos loucura, não temos caixadois”, disse Kobayashi. Segundo ele, nada fugirá do cronograma previsto— e já estava até programada a mobilização de cabos e suas bandeiras nomês que antecede a eleição.

Apesar da crescente desvantagem nas pesquisas, toda a estratégia dostucanos tem na mira empurrar a disputa para o segundo turno. De acordocom os mais recentes levantamentos de intenção de votos, se a eleiçãofosse hoje, Dilma venceria no primeiro turno.

Segundo Guerra, o PSDB vai priorizar a contraofensiva ao avanço deDilma em São Paulo — estado governado por Serra até abril e por tucanoshá 16 anos. Uma ação definida é a agenda política em conjunto com ocandidato do PSDB ao governo paulista, Geraldo Alckmin. Está programadopara a próxima semana um encontro que pretende reunir 450 prefeitos emSão Paulo.

No eleitorado paulista, segundo o Datafolha, Serra acaba de perder aliderança. Dilma saiu de 34% na semana passada e está com 41% agora —ao passo que o ex-governador caiu de 41% para 36%. Na capital paulista,governada por Gilberto Kassab (DEM), aliado de Serra, ela tem 41% eele, 35%.

Programa de TV

O programa de TV é outro foco das atenções tucanas. Para minimizar abrusca decadência de Serra, o ex-governador Aécio Neves gravou umaparticipação para o programa do presidenciável. Aécio teve váriasconversas ao longo do dia, entre elas com o coordenador de comunicação,Luiz Gonzalez.

Se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não reclamou,publicamente, de sua tímida aparição no programa eleitoral do PSDB, ocandidato tucano ao governo do Paraná, Beto Richa, diz que Serra “devemelhorar seus programas na TV, acertar uma linha de ação”. SegundoRicha , o presidenciável tucano pode reverter a desvantagem naspesquisas desde que mude seus programas.

Em conversas, Serra tem defendido a manutenção da linha de comunicaçãoda campanha. Quando elogiam a beleza do programa de Dilma, Serracostuma alegar que nem sempre os programas bonitos também sãoeficientes. O problema é que, segundo a mais recente pesquisaDatafolha, a tese de Serra está completamente furada.

Mais da metade (54%) dos eleitores que já assistiram ao horárioeleitoral gratuito na TV afirmam que Dilma é a candidata a presidenteque está se saindo melhor nas propagandas. Serra aparece em segundolugar, com 26%, e Marina Silva (PV) fica em terceiro, com 7%.

No levantamento anterior, o desempenho de Dilma era o melhor para 49%dos entrevistados que viram os programas, e o de Serra, para 27%. Apropaganda de Marina era a melhor para 8%.

Estados

Sérgio Guerra também trabalha para debelar crises regionais. A notíciade que a oposição elegeu quatro estados (São Paulo, Minas Gerais,Paraná e Goiás) como prioridades, após a queda de Serra nas pesquisas,gerou uma profusão de queixas.

Na quarta, Guerra negou que o PSDB tenha abandonado o candidato agovernador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Lembrando que os tucanos queadministram as maiores cidades do estado estão com Jarbas, Guerraalegou que, dos 11 prefeitos do PMDB, seis estão com o governadorEduardo Campos.

Mas a situação de Serra é tão grave que, se a eleição fosse hoje, eleperderia em sete estados grandes (SP, MG, RJ, RS, BA, PE e PR) e noDistrito Federal. É nesses locais que o instituto Datafolha expandiusua amostra para estudar as disputas para governador e senador. Dilmalidera em todas essas unidades da Federação, inclusive em estados comoSão Paulo e Rio Grande do Sul, tidos pelos tucanos como locais vitaispara manter Serra com chances de ir ao segundo turno.

Entre as capitais, só sobrou Curitiba (embora no Paraná Dilma esteja àfrente). Mas mesmo entre os curitibanos Serra vem caindo e sua situaçãoeleitoral é delicada. Ele tinha 47% em julho e está com 40% agora. JáDilma tinha 24% em julho e chegou a 31% na capital paranaense. 


Vermelho & Agências

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