Redação Pragmatismo
Corrupção 22/Mai/2017 às 16:54 COMENTÁRIOS
Corrupção

Tio de Aécio desabafa: "meu filho está preso por sua causa"

Publicado em 22 Mai, 2017 às 16h54

"Meu filho está preso por sua causa. Por lealdade a você [...]". Autenticidade do desabafo do desembargador Lauro Pacheco de Medeiros foi confirmada. Confira a íntegra

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Lauro Pacheco de Medeiros Filho, pai de Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, primo de Aécio Neves (PSDB-MG), publicou um desabafo afirmando que ‘falta qualidade moral e intelectual’ ao senador afastado.

Fred foi preso na Operação Patmos na quinta-feira, 18, após ser filmado buscando uma mala com R$ 500 mil em propina da JBS, a pedido de Aécio. Também foi presa a irmã do senador, Andrea Neves.

Confira a íntegra do desabafo:

“Aécio: Meu filho Frederico Pacheco de Medeiros está preso por causa de sua lealdade a você, seu primo.

Ele tem um ótimo caráter, ao contrário de você, que acaba de demonstrar não ter, usando uma expressão de seu avô Tancredo Neves, o “mínimo de cerimônia com os escrúpulos”.

Vejo agora, Aécio, que você não faz jus à memória de seu saudoso pai, o deputado Aécio Cunha. Falta-lhe, Aécio, qualidade moral e intelectual para o exercício do cargo que disputou de presidente da República.

Para o bem do Brasil, sua carreira política está encerrada.

Ass. Lauro Pacheco de Medeiros Filho
Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais”

A autenticidade do depoimento foi confirmada pelo próprio Lauro ao jornal Estadão e à Agência Pública.

“Meu filho fez aquilo de boa fé. Fiquei com um sentimento de revolta muito grande com o Aécio. Sempre fui um admirador dele, mas a decepção é grande, com aquela imagem de bom moço…”, desabafou.

“Aécio não honra a memória do avô e do pai, Aécio Cunha, que era um político honestíssimo”, afirma Lauro Pacheco, que tem 78 anos e vive em Belo Horizonte.

Propina, grampos e prisão

Frederico Medeiros, filho de Lauro, foi pelo menos duas vezes à sede da JBS, em São Paulo, para buscar parte da propina acertada entre o primo, Aécio Neves, e o dono da JBS, Joesley Batista.

O diálogo sobre o acerto com o agora senador afastado foi gravado por Joesley.

“Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, disse o empresário, sobre a entrega de R$ 2 milhões para o senador.

Aécio respondeu: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu, porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho”.

Ao buscar parte da propina, Frederico revelou preocupação, segundo as interceptações realizadas com a autorização da Justiça:

“Outro dia estava pensando. Acordei à meia-noite e meia, o que estou fazendo? O que tenho com isso? Eu não trabalho para o Aécio, eu não sou funcionário público, sou empresário. Trabalho para sobreviver”, disse o primo para Ricardo Saud, diretor de relações institucionais da J&F.

O primo de Aécio deixa claro que estava cometendo uma ilegalidade.

“Eu tenho com o Aécio um compromisso de lealdade que o que precisar eu tenho de fazer. Eu falei, olha onde eu tô me metendo”, disse, para o diretor da J&F.

As informações são da Agência Pública.

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