Redação Pragmatismo
Política 28/Fev/2018 às 20:34 COMENTÁRIOS
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Ex-deputado Carli Filho é condenado, mas vai recorrer em liberdade

Publicado em 28 Fev, 2018 às 20h34

Julgamento de Carli Filho por assassinato no trânsito chega ao fim após dez anos de angústias. Júri decidiu pela condenação do ex-deputado a 9 anos e 4 meses de prisão, mas ele vai recorrer em liberdade. Entenda a sentença

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Imagens mostram o que sobrou dos veículos após acidente. Em cima, Carli Filho, abaixo, as vítimas Carlos Murilo e Gilmar Rafael Yared (Reprodução/Congresso em Foco)

Quase dez anos depois de provocar o acidente de carro que matou os jovens Gilmar Rafael de Souza Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, o ex-deputado estadual do Paraná Luiz Fernando Ribas Carli Filho foi condenado em júri popular a 9 anos e 4 meses de prisão, por duplo homicídio com dolo eventual.

O julgamento foi realizado nesta terça (27) e quarta-feira (28), na 2ª Vara Privativa do Tribunal do Júri, em Curitiba. Mas, apesar da condenação, Carli Filho não será preso imediatamente e deve recorrer da decisão em liberdade (relembre aqui o 1º dia de julgamento).

Os dois jovens mortos no acidente estavam em um Honda Fit atingido em alta velocidade pelo Volkswagen Passat conduzido pelo então parlamentar, que, segundo as investigações feitas à época, estava entre 161 e 173km/h, embriagado e com a carteira de habilitação suspensa, com 130 pontos acumulados em 30 multas – 23 delas por excesso de velocidade.

O promotor Marcelo Balzer afirmou que a pena ficou dentro do esperado. “Beber e dirigir não é uma banalidade, e a República de Curitiba [sic] se fez representar mais uma vez no conselho de sentença”, definiu.

O também promotor Paulo Sérgio Markowicz endossou as palavras do colega. “Como representantes da sociedade, estamos satisfeitos porque não se tratava de um crime comum”.

A deputada federal Christiane Yared (PR), mãe de uma das vítimas, chorou após o resultado ser proferido e disse que continuará lutando para que crimes de trânsito não sejam banalizados.

“Minha vontade era poder abraçar meu filho”, disse ela. “Ainda tem muito o que ser feito. Tem muita luta a ser lutada, muitas batalhas a serem vencidas. Essa é a sensação de que não acaba aqui. Porque tem outros, e enquanto tiver outros, teremos nós. Se a dor do meu irmão não me incomodar, terá algo errado comigo”.

Na saída, os familiares dos jovens mortos no acidente foram cumprimentados aos gritos de “vitória!” por outros pais e mães que perderam seus filhos em acidentes causados por pessoas embriagadas. Eles acompanharam o julgamento do lado de fora do Tribunal do Júri desde cedo.

O advogado de Carli Filho, Roberto Brezinski Neto, disse discordar da pena e avisou que a defesa recorrerá da decisão. “A defesa em momento algum pediu a absolvição (…) Compreendíamos a responsabilidade dele, ele mesmo compreendia, confessou alguns fatos no julgamento. Então, evidentemente que aguardávamos outro resultado”, afirmou.

“Não concordamos com a pena, sendo o réu primário e com bons antecedentes, portanto, pelo dolo, a pena fixada deveria ter sido pelo mínimo legal”.

A sentença foi lida durante 24 minutos, a partir das 17h08 de hoje, pelo juiz Daniel Avelar após os debates entre acusação e defesa.

Para os jurados (cinco mulheres e dois homens) que compuseram o júri popular iniciado ontem à tarde no Tribunal do Júri de Curitiba, Carli Filho cometeu duplo homicídio com dolo eventual porque assumiu os riscos de matar, dadas as condições de embriaguez e velocidade com que conduzia.

A defesa do ex-parlamentar trabalhou até o último momento para que ele fosse julgado por duplo homicídio culposo (ou seja, sem intenção de matar) decorrentes de crime de trânsito, mas a tese acabou refutada.

O juiz observou que Carli Filho “foi intensamente advertido para não dirigir”, falava ao celular enquanto dirigia e era ocupante de mandato e “pessoa inteligente e culta” o suficiente para compreender o erro das condutas.

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