Esporte

Tostão não deixa dúvidas: Zagallo foi revolucionário

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Imagem: Lance!

Moisés Mendes*, em seu Blog

Escrevi ontem, logo depois de saber da morte de Zagallo, que em 2014 eu havia entrevistado Tostão sobre o esquema tático da Seleção de 70.

Tostão me disse que Zagallo era uma inteligência superior. E que foi o primeiro técnico a lhe transmitir noções táticas com clareza.

Li depois, no Face Book, alguns dizendo que não era bem assim, que Zagallo foi um cara comum como jogador e treinador. Mesmo que tenha sido o único cara comum com quatro títulos de Copa do Mundo.

E eis então o que Tostão publicou na Folha ontem à noite:

“Zagallo foi um técnico revolucionário para a época, pois pensava o jogo de uma maneira estratégica, como os grandes técnicos atuais.

Quando assumiu a seleção brasileira em 1970, próximo à Copa, disse que o meio-campo tinha de ser mais preenchido, com três jogadores, como fazem os treinadores modernos. Por isso, substituiu Edu, que era um ponta agressivo, por Rivellino, um meio-campista.

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Zagallo percebeu também, como os treinadores atuais, que zagueiros não eram somente para marcar e deslocou o volante Piazza para a defesa, de onde começava a armação das jogadas com um bom passe.

Nem sempre ele estava certo, mas teve a lucidez para mudar, quando percebeu ser necessário.

Assumiu a seleção e no primeiro dia disse que o time precisava de um clássico centroavante, artilheiro. Com o tempo, os treinos e os jogos, mudou de ideias e me escalou na posição de centroavante.

Ele me disse bem perto do Mundial: “Você será o titular, mas não quero que jogue recuado como faz no Cruzeiro, quero você à frente de Pelé e Jairzinho”. Perguntou-me: “Dá para jogar dessa maneira?”. Respondi: “Não há problema”. Virei um centroavante armador, como Evaldo no Cruzeiro.

Zagallo foi um técnico à frente do tempo. Fazia treinos táticos diariamente para defesa e ataque. A seleção de 1970 foi espetacular porque unia o coletivo com o individual, como são hoje as melhores equipes mundiais.

Obrigado, Zagallo, pela grande contribuição que deu ao futebol brasileiro e mundial. Você sempre estará entre os grandes treinadores da história”.
Foi o que o craque mineiro escreveu na Folha. E o título da coluna de Tostão é este:

“Zagallo foi um treinador de futebol revolucionário”

Foi isso mesmo, Mario Marcos de Souza?

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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