América Latina

Extremista que venceu primárias na Argentina é a favor da venda de órgãos e não descarta a venda de crianças

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Fã de Trump, economista de extrema-direita vence eleição na Argentina com o discurso de que os políticos devem ser "chutados na bunda" e que "educação sexual serve para destruir as famílias". Milei propõe facilitar o acesso às de armas de fogo e se diz favorável à venda de órgãos. Jair Bolsonaro, que mantém silêncio sobre as joias, usou as redes para celebrar a vitória do extremista nas primárias

Javier Milei (reprodução,GZH)

O candidato de extrema direita argentino Javier Milei surpreendeu o país e seus próprios correligionários e foi o mais votado nas eleições primárias da Argentina, realizadas neste domingo (13). Nas primárias são escolhidos os candidatos das eleições, que este ano serão em 22 de outubro. Com 97,39% dos votos apurados, a chapa de Milei, Liberdade Avança, tinha 30,04% dos votos.

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A chapa Juntos pela Mudança, com Patricia Bullrich – ex-ministra da Segurança do governo de Mauricio Macri – também de oposição ao governo peronista de Alberto Fernández, ficou em segundo lugar 28,7% dos votos.

Já a chapa governista, União Pela Pátria, chegou só no terceiro posto, com 27,27% dos votos. O ministro da Economia, Sergio Massa, foi o mais votado da legenda com 21,41% e vai representar a situação na eleição que será realizada em 22 de outubro. Segundo analistas, é o pior desempenho do peronismo na história das prévias.

O extremista Milei é economista ultraliberal e se declara “anarcocapitalista”. Suas propostas são dolarizar a economia e fechar o Banco Central do país. Admira o brasileiro Jair Bolsonaro (PL) e o norte-americano Donald Trump (Republicanos). Para ele, a mudança climática é uma invenção da esquerda, a educação sexual existe para destruir a família e a posse de armas de fogo deve ser liberada.

O fenômeno que está elevando Milei no cenário argentino é semelhante ao que fez ascender Bolsonaro no Brasil: setor despolitizado da sociedade formado por indignados com a política tradicional. Num estilo típico de Olavo de Carvalho, o “filósofo” bolsonarista, o extremista argentino tem como slogan “Viva a Liberdade, caralho”.

Ele comentou a vitória provisória dizendo que ela “não só dará fim ao kirchnerismo, dará fim a toda a casta política ladra, parasitária e inútil que afunda este país”. Segundo o jornal Página12, “encorajado” por ter sido o mais votado, Javier Milei prometeu que, se for eleito presidente, aplicará um programa de “ajuste fiscal muito mais profundo” do que o proposto pelo Fundo Monetário Internacional.

Milei levantou a venda de órgãos humanos como “mais um mercado”. Para ele, se trata de uma transação comercial entre pessoas adultas na qual o Estado não deve interferir. Dias depois, ao ser questionado sobre a venda de crianças, respondeu: “Hoje, se eu tivesse um filho, não o venderia. A resposta depende de quais termos você está pensando, talvez daqui a 200 anos isso possa ser debatido”.

Após o resultado das primárias, o ex-presidente neoliberal Mauricio Macri falou em fim do kirchnerismo, o que é um exagero. O desempenho do governador peronista da Província (Estado) de Buenos Aires, Axel Kicillof, aliado da ex-presidente e atual vice Cristina Kirchner, tem boas chances de se reeleger. Isso dá ânimo ao peronismo, uma vez que a Província reúne 37,8% da população argentina e mais de um terço do eleitorado do país.

Em áudio divulgado no Telegram e no WhatsApp, Jair Bolsonaro comemorou a vitória de Milei. “Olha, eu gostei da vitória dele, estou torcendo que o bem se repita agora no segundo turno, né? Para a Argentina voltar, sair da esquerda. É essa a intenção, mais nada”.

Bolsonaro ainda afirmou que “não descarta” a possibilidade de viajar para a Argentina para servir de cabo eleitoral na eleição do país vizinho.

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