Mulheres violadas

Promotor do Paraná descumpre medidas protetivas da ex-esposa mais de 100 vezes

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"Eu nunca entendi até onde isso iria, se precisaria da minha morte para fazerem alguma coisa", desabafa a vítima. Promotor já encostou faca na barriga da mulher, puxou o volante enquanto ela dirigia e já partiu para cima da ex-esposa enquanto ela estava com a filha no colo. No total, as medidas protetivas foram descumpridas 101 vezes

Bruno Vagaes

Um promotor de Justiça do Paraná foi afastado temporariamente do cargo pela Corregedoria Nacional do Ministério Público. O afastamento de Bruno Vagaes ocorre após ele descumprir, por 101 vezes, medidas protetivas que a ex-esposa conseguiu na Justiça. A vítima precisou mudar de cidade.

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A medida é cautelar e, conforme a Corregedoria, deve durar até “a conclusão definitiva dos procedimentos administrativos”. O caso tramita sob sigilo.

Em nota, o MP-PR afirmou que aguarda resposta do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), desde 20 de junho, sobre o levantamento do sigilo às ações penais em curso contra o promotor.

A ex-companheira do promotor, a servidora pública Fernanda B., discordou da decisão da Corregedoria em manter no Ministério Público do Paraná as investigações internas contra Vagaes.

“Não vejo com bons olhos a continuidade dos procedimentos administrativos pelo MP-PR, por autoridades que já demonstraram grande omissão e descaso anteriormente no decorrer dos últimos anos”.

Em nota, a defesa dela informou que “já pontuou diversas vezes que o procedimento no CNMP trata-se de pleito de uma vítima de violência doméstica e familiar, em que se busca a intervenção daquele Conselho com o fito de cessar o cenário de violência de gênero perpetrada pelo Ministério Público do Paraná”.

Conforme a defesa, Fernanda foi ouvida em oito oportunidades, “nas quais ressaltou a violência perpetrada, sendo em algumas delas questionada inúmeras vezes sobre os mesmos fatos ocorridos. Assim, a continuidade dos procedimentos pelo CNMP mostra-se como o meio mais adequado de prevenir novas revitimizações”.

ENTENDA O CASO

A servidora pública procurou ajuda pela primeira vez enquanto voltava de uma festa de aniversário. Na ocasião, o então marido tocou as partes íntimas dela à força, enquanto a mulher dirigia. Pelo crime, o homem foi condenado a três anos de prisão por importunação sexual.

Fernanda contou, também, que teve a primeira medida protetiva concedida em dezembro de 2019, quando o casal ainda estava junto. Na ocasião, o documento determinou que Vagaes se afastasse da casa onde moravam. O imóvel pertence à Fernanda, que afirma que o ex-marido permaneceu no apartamento e demorou a sair, descumprindo a determinação do juízo.

“No decorrer do processo foram inúmeras provas, porque todo descumprimento eu fui relatando. Eu registrei, o máximo de provas que eu tinha, eu levei, e nunca aconteceu nada. Eu não entendia até onde iria isso, se precisaria da minha morte para fazerem alguma coisa”, desabafa.

Em uma ocasião, quando ainda moravam juntos, ela disse que o marido encostou uma faca na barriga dela. Em outros momentos, por diversas vezes, o homem puxou o volante enquanto ela dirigia, conforme a vítima.

Ainda segundo Fernanda, em uma das brigas, Vagaes partiu para cima da mulher, que estava com a filha no colo. A cena foi registrada pelas câmeras de segurança do prédio em que o casal morava.

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