Saúde

Vacina contra o câncer no pâncreas tem resultado promissor, revela estudo

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Vacina que destrói células cancerígenas no pâncreas tem 'resultados promissores', aponta estudo. Revista publicou resultados de testes em humanos, que receberam um tratamento proposto por empresa alemã BioNTech, conhecida por desenvolver vacinas contra Covid-19 com tecnologia de RNA mensageiro

Imagem: Pexels

A revista científica “Nature”, uma das mais conceituadas na área científica, afirmou na última quarta-feira (10) que os resultados do ensaio clínico em humanos para o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer de pâncreas tiveram ‘sucesso limitado’ e foram ‘promissores’.

Um artigo científico detalhando o ensaio clínico foi publicado. No teste, realizado pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center, de Nova York, um grupo de 16 pacientes recebeu uma aplicação do produto após passar por cirurgias de remoção de tumor, paralelamente a quimioterapia.

O novo tratamento busca aumentar a resposta imune do paciente aos tumores. Ou seja, a vacina é um tipo de imunoterapia de anticorpos monoclonais, assim como a maioria dos imunizantes em teste. Ela busca evitar que o câncer volte, cresça ou se espalhe.

A vacina é desenvolvida pela empresa de pesquisa alemã BioNTech, juntamente com norte-americana Genentech, e produzida com base na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) – a mesma do imunizante criado pela BioNTech e pela Pfizer para combate à Covid-19.

O tratamento aumenta as defesas naturais do corpo contra as células cancerígenas. Isso é feito através de proteínas, produzidas no corpo ou em laboratório, que treinam o sistema imunológico do paciente a identificar e destruir células causadoras da doença.

Ensaios clínicos de fase 1 mostraram que a metade dos 16 participantes do estudo, que passaram por cirurgia para remover tumor, desenvolveram células T após receberam o tratamento.

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As células T podem potencialmente reconhecer células cancerígenas e impedi-las de reaparecer, disse a Nature.

Entre os oito participantes do estudo com resposta imune detectável, não houve evidência de recorrência do câncer 18 meses após a cirurgia, enquanto o tempo médio de recorrência foi de 13,4 meses entre os pacientes que não responderam ao tratamento.

Os pacientes do grupo eram todos diagnosticados com adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC), o subtipo mais prevalente — e mais agressivo — da doença no órgão, responsável por mais de 90% dos casos de câncer pancreático. Apenas cerca de 10% dos pacientes com PDAC estão vivos dois anos após o diagnóstico. Esse tumor de pâncreas desafia cientistas, e há seis décadas médicos não conseguem elevar a taxa de sobrevida dos pacientes.

Câncer no pâncreas

Em um período de um ano e meio de acompanhamento, metade dos voluntários apresentou produção de células T do sistema imune capazes de atacar o tumor. Aqueles em que vacina apresentou atividade não tiveram remissão nesse intervalo. Nos pacientes sem resposta imune o câncer, voltou tipicamente após 13 meses em média.

“De forma geral, nós reportamos evidência preliminares de que uma vacina individualizada de RNA mensageiro, em combinação com imunoterapia e quimioterapia, induziu atividade substancial de células T do sistema imune nos pacientes que passaram por remoção cirúrgica do adenocarcinoma, e isso teve correlação com a demora na remissão”, escreveram na Nature os cientistas, liderados por Luis Rojas, pesquisador do Memorial Sloan Kettering.

Apesar dos resultados promissores, ainda há um longo caminho a ser seguido na busca por novos tratamentos contra o câncer. No caso dessa vacina, o próximo passo é desenvolver os testes clínicos de fase 2 e 3, antes que o imunizante seja submetido às agências reguladoras e, depois, ao mercado.

“Esses dados são extremamente promissores e fornecerão a estrutura para um novo ensaio clínico planejado”, afirmou a revista.

O RNA da vacina funciona passando instruções para as células dos pacientes produzirem pedaços de células tumorais que funcionam como antígenos — moléculas que “treinam” o sistema imune a atacar o câncer.

Tentativas anteriores de criar imunizantes contra o câncer de pâncreas, que usavam células humanas inteiras, não apenas as moléculas de RNA, fracassaram à medida que tentaram avançar em ensaios clínicos e pré-clínicos.

A esperança maior dos cientistas é que, com uma plataforma de produção de RNA, é possível controlar melhor o tipo de antígeno que cada paciente precisa receber para que seus sistemas imunes combatam o tumor.

O câncer de pâncreas está entre as formas mais letais de câncer. Isso porque, normalmente, o tumor cresce sem ser detectado. Quando o paciente é diagnosticado, a doença pode estar em estágio avançado, diminuindo a eficácia de tratamentos.

Com G1 e Globo

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