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Motorista que se orgulhou de ter atropelado e matado jovem é banido do Uber

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“Menos um fazendo o L”. Bolsonarista sentiu-se orgulhoso por ter atropelado e matado jovem em SP e publicou vídeos na internet comemorando e sugerindo que a vítima era eleitor de Lula. Aplicativos Uber e 99 anunciam banimento de Christopher Rodrigues. Ao analisar as imagens, mestre em direito e professor de legislação de trânsito afirma que o motorista deveria responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar

O motorista Christopher Rodrigues, de 27 anos, foi banido das plataformas de transporte Uber e 99. Ele publicou vídeos nas redes sociais comemorando o fato de ter atropelado e matado um jovem de 21 anos na cidade de São Paulo. O nome da vítima é Matheus Campos da Silva, de 21 anos.

A 99 informou que o motorista de aplicativo envolvido no incidente era cadastro na plataforma, mas destaca que o fato não ocorreu durante uma corrida. A empresa ressalta que repudia veementemente e tem uma política de tolerância zero a qualquer forma de violência. Dessa forma, o perfil do condutor foi permanentemente bloqueado.

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A Uber confirmou que Rodrigues era seu colaborador e teve sua conta desativada após o atropelamento. “A Uber permanece à disposição dos órgãos de segurança para colaborar com as investigações, na forma da lei”, diz nota da empresa.

Christopher, que dirige um Ford Ka, justificou que atropelou Matheus após presenciar a vítima tomando o celular de outro condutor. “Menos um fazendo o L”, disse em referência aos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Lucifer Morningstar [representação de satanás nos quadrinhos da DC Comics] recebeu mais um membro da equipe”, diz. “Agora eu vou para a delegacia assinar um assassinato. Mentira. Deus é mais”, continua.

Em outro registro, o atropelador diz que, mesmo suplicado por transeuntes, dentre eles os “direitos humanos”, não tiraria seu veículo de cima do jovem. “Não posso tirar o carro, né? Senão o cara foge”, declarou.

Depois, é possível ver Rodrigues questionando a um agente se seria preso e sendo tranquilizado. O homem ainda aparece dizendo que, dessa vez, não haveria cervejinha ou picanha para o jovem atropelado, em mais uma referência a Lula.

Por fim, o motorista postou uma foto comemorando por seu ato não ser registrado nem ao menos como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Homicídio doloso

O Ministério Público de São Paulo está investigando o caso e deve oferecer um parecer nesta semana. Para especialistas, apesar de a polícia ter entendido que houve um acidente de trânsito com morte suspeita, a análise do que foi publicado posteriormente nas redes sociais e o tom com que o motorista tratou o caso podem agravar a sua intencionalidade, inclusive levando a uma denúncia diferente pela Promotoria.

Para Julyver Modesto de Araújo, mestre em direito e professor de legislação de trânsito, o acidente de trânsito com morte é caracterizado como homicídio culposo, mas o motorista do incidente deveria responder a um processo criminal como homicídio doloso. “[Caso alegue legítima defesa] Ele pode até não ser punido, mas ele vai responder de qualquer forma a um processo”, afirma.

VÍDEO:

O episódio repercutiu nas redes sociais. “É tão absurdo esse caso que não sei nem por onde começar. Supondo que a vítima tenha roubado um celular, acho que o perigo maior é ‘normalizar’ esses ‘justiçamentos’. Primeiro porque a pena para quem rouba celular não é a morte. Segundo porque, mais cedo ou mais tarde, um inocente será vítima de ‘justiçamento’, como foi Fabiane Maria de Jesus. Terceiro, porque o assassino está dizendo, em linhas gerais, que eleitores de Lula merecem morrer. Esse caso tem que ser levado até as últimas consequências e o rapaz precisa responder pelos seus crimes”, desabafou um usuário.

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