Racismo não

Google remove “Simulador de Escravidão”, que permitia castigar e torturar pessoas negras

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Jogo estava disponível para download no Google Play e foi removido após reclamação de brasileiros. O jogo foi baixado por mais de 1.000 pessoas e apresentava classificação indicativa livre. Das 70 avaliações publicadas, algumas pessoas reclamavam de poucas possibilidades de agressão. Ministério Público investiga criador do app e os autores dos comentários

Após centenas de denúncias, o Google removeu nesta quarta-feira (24) de sua loja de aplicativos um jogo chamado ‘Simulador de Escravidão’. O game simula pessoas negras que podem ser torturadas e castigadas ao longo das partidas.

No jogo, a proposta é o usuário simular ser um proprietário de escravos. Na dinâmica, é possível escolher duas modalidades: tirana ou libertadora. Na primeira, a proposta do jogo é fazer lucro e impedir fugas e rebeliões. Na segunda, lutar pela liberdade e chegar à abolição.

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Entre as opções da dinâmica do jogo estão agredir e torturar o ‘escravo’. O game foi produzido pela Magnus Games e tinha pouco mais de mil downloads além de 70 avaliações. Nos comentários, algumas pessoas reclamavam de poucas possibilidades de agressão.

A produtora do game, Magnus, incluiu na plataforma que o “jogo foi criado para fins de entretenimento” e que condena a escravidão no mundo real. O jogo ainda aparece no sistema de aplicativos do Google, mas os usuários não conseguem baixar. Quem já tinha o app no smartphone, consegue continuar jogando.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que vai entrar com uma representação no Ministério Público por crime de racismo. “Entraremos com representação no Ministério Público por crime de RACISMO e levaremos o caso até as últimas consequências, de preferência a prisão dos responsáveis”, escreveu o deputado no Twitter. “A própria existência de algo tão bizarro à disposição nas plataformas mostra a URGÊNCIA de regulação do ambiente digital”.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) informou no final da tarde de hoje que investiga o aplicativo “Simulador de Escravidão”. O procedimento foi instaurado pela promotora Maria Fernanda Balsalobre Pinto, do Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância.

Na notícia de fato instaurada, o MPSP aponta, ainda, a existência de comentários com “discurso de ódio penalmente típico” no espaço destinado a avaliações do aplicativo na loja do Google.

A promotoria deu prazo de 24 horas para o Google explicar se o jogo, de fato, foi retirado da sua loja virtual. Também pediu esclarecimentos, em até três dias, sobre o procedimento de solicitação de aprovação feito pela empresa desenvolvedora.

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