Mulheres violadas

Cuca disse que menina de 13 anos estuprada “parecia um armário”

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Em recente entrevista coletiva, Cuca disse não se lembrar de detalhes do estupro coletivo da menina de 13 anos. Mas falas repulsivas do próprio treinador para a imprensa brasileira na época do crime foram resgatadas e mostram que sua memória não é tão falha. Cuca pediu demissão e não é mais treinador do Corinthians

Cuca (Imagem/reprodução/Meu Timão)

O jornalista Juca Kfouri questionou a “perda de memória” repentina do treinador Cuca, que declarou recentemente em entrevista coletiva não se lembrar do estupro de uma menina de 13 anos na Suíça, em 1987.

“Cuca tinha ótima memória entre 1987, quando participou de estupro de menor, e 1989, quando condenado pela Justiça da Suíça”, diz Juca, um dos principais jornalistas do Brasil. “Ele [Cuca] chegou a dizer que a adolescente estuprada parecia um armário e subiu ao quarto [por vontade própria] para fazer sexo”, acrescenta Juca.

Juca cita uma reportagem do blog do jornalista Paulinho, que foi resgatar na história reportagens publicadas na época do estupro, tanto na mídia nacional como na imprensa internacional.

Confira o que disse Cuca em entrevista ao Jornal dos Sports no dia 27 de agosto de 1989: “A tal menina, a Sandra Pfaffli, era do tamanho de um armário (sic) e não tinha cara de menina não. Ela subiu para fazer sexo com um de nós no apartamento”.

Como já publicou o Pragmatismo, o sêmen de Cuca foi detectado por exame pericial no corpo da vítima. O advogado da menina de 13 anos afirmou que ela tentou o suicídio e que sofre com depressão e problemas mentais até hoje.

Na época, Cuca foi condenado a 15 meses de prisão por violar o art. 181 (coerção) e o art. 191 (fornicação com crianças) do Código Penal Suíço. Desde esse caso, o Código Penal Suíço foi revisado várias vezes ao longo dos anos, com penas muito mais severas para os mesmos crimes. Como o Brasil não extradita seus cidadãos, Cuca foi embora da Suíça e nunca mais retornou ao país europeu.

Muito pressionado, Cuca anunciou sua saída do Corinthians na noite desta quarta-feira (26). “Se Deus quiser, eu volto um dia para fazer um trabalho do começo ao fim”, disse o treinador.

Cronologia na imprensa

03 de agosto de 1987: O Jornal do Brasil, em coluna nomeada ‘estupro’, demonstrou que enquanto os quatro jogadores (Cuca, Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi) acusados pelo crime estavam presos, o Procurador Geral de Berna, Richard Feuz, deixou claro que aguardava laudo pericial, “embora as provas iniciais não tenham deixado nenhuma dúvida”.

10 de agosto de 1987: Sob título ‘semana decisiva’, o JB deixava claro que Sandra, diferentemente do que disse Cuca, afirmava “ter sido estuprada pelos quatro jogadores’. Ainda, segundo o Jornal, haveria acareação entre os jogadores e a garota. De fato, foi o que aconteceu.

14 de agosto de 1987: Sandra reconhece os estupradores. Segundo o Jornal dos Sports, “Sandra, confrontada com 17 jogadores, reconheceu quatro”.

Revista Manchete, nº 1884 (1987): Sandra detalha estupro de Cuca e Henrique. Reportagem de Manchete trouxe importante revelação sobre o depoimento da vítima: “Sandra prestou depoimento numa delegacia junto ao hotel. “Eles se atiraram sobre mim e me imobilizaram”, contou. “Dois me violaram”. Os dois, diz ela, são Henrique e Cuca, que só a deixaram quando plenamente satisfeitos”.

VEJA TAMBÉM: Imprensa internacional conta detalhes sórdidos do estupro praticado por Cuca e atletas

Apesar do que demonstravam laudo e depoimentos, após quase um mês de prisão, os jogadores foram liberados, sob fiança, e nunca mais retornaram à Suíça.

29 e 30 de agosto de 1987: Ao jornal Pioneiro, Cuca disse: “Não fiz nada. Paguei 28 dias por ter visto”. A declaração coloca o treinador do Corinthians na cena do crime, e, diferentemente do que foi falado em recente coletiva, no mínimo, na condição de testemunha da barbárie.

29 de setembro de 1987: Matéria do Jornal do Brasil demonstra que os estupradores estavam mais preocupados com o desconto em seus salários do que com o que fizeram em Berna: “(…) os jogadores estavam aborrecidos ontem, porque receberam seus salários com descontos referentes ao que o clube gastou para libertá-los da prisão” (…) “Eles querem pelo menos redução do desconto”;

Cuca e seus parceiros receberam apenas punição verbal e pagaram, cada um, ínfimos US$ 3 mil, parcelados.

26 de outubro de 1988: O ‘Pioneiro’ deixa claro que os jogadores do Grêmio não foram julgados à revelia: “o Grêmio continua dando assistência para os advogados Andreas Roth e Peter Stauffer”.

27 de agosto de 1989: Após ser condenado a 15 meses de prisão, Cuca concedeu entrevista ao Jornal dos Sports; não contente com o que já havia aprontado, tratou de difamar a vítima e detonar a decisão judicial.

A memória, diferentemente de agora, estava tão boa que foi capaz de detalhar Sandra fisicamente: “A tal menina, a Sandra Pfaffli, era do tamanho de um armário e não tinha cara de menina não […] Ela subiu para fazer sexo com um de nós no apartamento. O nome, reservo-me o direito de omiti-lo”.

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