Direita

Novo ministro do TCU é bolsonarista e a favor do garimpo em terras indígenas

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Novo ministro do TCU toma posse hoje. Jhonatan de Jesus é filho do senador Mecias de Jesus, autor do Projeto de Lei 1331, de 2022, que libera a pesquisa e a lavra de recursos minerais em terras indígenas, sejam elas homologadas ou ainda em processo de demarcação

Jhonatan Pereira de Jesus (Imagem: Câmara dos Deputados)

Chico Alves, em seu blog

A partir de hoje, o Tribunal de Contas da União (TCU) passa a contar com mais um integrante tido como simpatizante do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além de Augusto Nardes e Jorge Oliveira, que são bolsonaristas, toma posse como ministro o deputado federal de Roraima Jhonatan Pereira de Jesus. Integrante do grupo de políticos roraimenses que dão apoio ao garimpo, Jhonatan é visto como um dos parlamentares que colocam obstáculos à estabilidade dos povos indígenas do estado.

Foi ele, por exemplo, que indicou Rômulo Pinheiro de Freitas para gestor do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. No período de Freitas houve o agravamento da crise dos yanomamis, que tiveram menos recursos para lutar contra a desnutrição e os problemas de saúde causados pelo garimpo ilegal.

Jhonatan é filho do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), autor do Projeto de Lei 1331, de 2022, que libera a pesquisa e a lavra de recursos minerais em terras indígenas, sejam elas homologadas ou ainda em processo de demarcação. O texto admite a outorga de autorização de pesquisa e concessão de lavra garimpeira também a terceiros em t­erras indígenas.

A indicação de Jhonatan ao TCU teve o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e conseguiu votos de 239 deputados.

Curiosamente, o TCU iniciou no mês passado auditoria para avaliar as causas da vulnerabilidade dos povos yanomamis e avaliará, entre outras coisas, a participação de políticos do estado na crise humanitária dos indígenas. Com isso, Jhonatan poderá figurar entre os investigados.

Apesar disso, até mesmo o PT integrou o bloco de 13 partidos que o apoiaram para suceder a ministra Ana Arraes, a primeira mulher a ser indicada pela Câmara, que se aposentou.

A campanha para a vaga foi bastante acirrada, com farto de material de propaganda distribuído e afixado em Brasília. Entre eles, destacou-se um gigantesco painel afixado na lateral de um prédio no Distrito Federal com uma foto de Jhonatan e Arthur Lira.