Modelo brasileira foi morta em abordagem policial na Califórnia, mas família pede mais detalhes pois versões apresentadas pelas autoridades são contraditórias
A brasileira Gleise Graciela Firmiano, de 30 anos, morreu após ser baleada em uma abordagem policial na Califórnia, nos Estados Unidos. O crime aconteceu no final do mês de janeiro, mas a família da modelo só foi informada dez dias depois e ainda luta para trazer o corpo de volta para o Brasil.
De acordo com a versão da polícia dos EUA, Gleise teve uma briga com o namorado, que é americano, pegou o carro e o cachorro e saiu de casa armada. Quando a modelo foi encontrada, durante a abordagem, ela colocou a mão na arma e os policiais atiraram. A jovem é natural de Penedos (AL).
“Um policial disse que minha irmã foi assassinada na Califórnia pela própria polícia. Segundo ele, ela teve uma briga com o namorado, pegou o carro e o cachorro e saiu de casa armada. O namorado chamou a polícia pedindo ajuda, os policiais encontraram ela perto de uma árvore próxima ao carro e ao cachorro. Quando os policiais chegaram, ela botou a mão na arma e os policiais a mataram. Esse foi o relato do policial ao telefone”, conta a irmã da vítima.
A família pede mais detalhes do ocorrido para o namorado e a polícia, porque não acredita na versão dada pelas autoridades. Gleice e o homem moravam juntos havia dois anos. “Perguntei ao namorado dela por que ele tinha chamado a polícia. Ele disse que ficou com medo de que ela fizesse uma besteira”, diz a irmã da modelo.
A irmã de Gleise afirmou que as versões que a polícia deu à família divergem. Primeiro, eles informaram que a modelo não tinha atirado contra eles, ficando apenas com a arma em mãos no momento da abordagem, mas, após a repercussão que a história tomou, teriam mudado a narrativa.
“Agora eles estão alegando que ela atirou nele [policial] com arma de fogo e eles revidaram com um taser [arma de choque]. Só que não existe isso, de uma pessoa apontar ou chegar a disparar uma arma de fogo contra policiais americanos e eles revidarem com arma de choque. A gente está querendo muito que isso seja esclarecido”.
Ainda não há clareza sobre a motivação do assassinato de Gleice. Segundo o porta-voz dos investigadores, não há evidências de que a mulher tenha atirado contra os agentes.
Mais de um mês depois da morte da modelo, o corpo permanece nos Estados Unidos. A família está pedindo ajuda ao Governo Federal para trazer o corpo para Brasil. Por meio de nota, o Consulado-Geral do Brasil em Los Angeles informou que prestou a assistência aos familiares, e destacou que não há previsão regulamentar e orçamentária para o pagamento do traslado com recursos públicos.
“Em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, os consulados brasileiros poderão prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com autoridades locais e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito”.