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Se Deus ajuda a fazer gol, deve resolver pilantragens

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Claro que nem todo religioso é pilantra, de jeito nenhum. Mas quase todo pilantra tem Deus acima de tudo. Eles metem Deus em pirâmides e exorcismos

Moisés Mendes*, em seu blog

Willian Gomes de Siqueira, o Willian Bigode, o jogador que induziu o colega Gustavo Scarpa a aplicar mais de R$ 6 milhões numa pirâmide financeira, é terrivelmente religioso.

O jogador do Fluminense disse em conversas com Scarpa, por mensagem de voz, que era preciso rezar muito e entregar tudo a Deus, para que o ex-jogador do Palmeiras recuperasse o dinheiro perdido para a pilantragem da qual ele, Bigode, fazia parte.

“Scarpinha, agora é orar, fazer o que eu sei”, disse Bigode ao amigo. Não deu certo.

Imagem: Alex Silva | Agência Estado

Mesmo que Bigode comemore seus gols apontando para o céu (foto), de onde Deus comanda suas jogadas.

O “brasileiro contra corrupção” é um hipócrita?

E o empresário bolsonarista Gabriel de Souza Nascimento, comparsa de Willian e um dos donos da empresa Xland Holding Ltda, também é religioso e participou de atos pelo golpe com a camiseta de Seleção.

O cara aplica golpes financeiros e pede o golpe militar. Está solto, e os manés estão presos na Papuda.

Não tem erro. Em 99% dos casos de golpes, escravismo, agressões com ou sem armas, ódios e desmandos variados o cara é um religioso fervoroso e bolsonarista.

Saiba mais: A hipocrisia de um paladino da ética “contra a corrupção” e o perigo da moralidade seletiva

Claro que nem todo religioso é pilantra, de jeito nenhum. Mas quase todo pilantra tem Deus acima de tudo. Eles metem Deus em pirâmides e exorcismos.

Agora, Bolsonaro chamou Michelle a Orlando, onde devem se encontrar essa semana.

Fique por dentro do Escândalo das joias: Bolsonaro e Michelle adotam versões diferentes e que poderão colidir

Bolsonaro quer saber como Deus pode ajudá-los sem que ele tenha que voltar ao Brasil.

Deus decide quem vai acertar o pênalti, como o cara vai resgatar o dinheiro do golpe e como salvar um casal com joias sem nota.

O fascismo tem fé. Deus entra em cada confusão das arábias.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim)