Mulheres violadas

Mais de 30 meninas yanomamis estão grávidas de garimpeiros, revela secretário

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Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente conta que mais de 30 meninas yanomamis estão grávidas de garimpeiros. Além de contaminar toda a região e de destruir o meio ambiente, os garimpeiros também estupram as indígenas. "Eles entraram com drogas e bebida na região e também oferecem comida em troca de sexo. Muitas meninas não sobreviveram aos abusos ao longo dos últimos 4 anos". Estimativas apontam invasão de 20 mil garimpeiros em um território de 30 mil indígenas

Ariel de Castro Alves, Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, relatou que pelo menos 30 meninas indígenas estão grávidas de garimpeiros que invadiram e exploram as terras dos yanomamis. Os dados foram coletados pela comitiva do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. “Se 30 estão grávidas apenas neste momento, imaginem o que ocorreu nos últimos 4 anos”, disse um diretor da pasta.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, também foi relatado haver seis crianças acolhidas irregularmente por famílias não yanomamis — com dois processos de adoção irregular em andamento.

Um grupo da pasta está em Boa Vista para reunir dados sobre as denúncias de violações de direitos. “Temos denúncias de exploração sexual infantil. Recebemos informações de pelo menos 30 meninas e adolescentes que estariam grávidas de garimpeiros. Temos informações também sobre acolhimentos de crianças yanomamis que seriam irregulares e até processos de adoções ilegais em curso”, disse Ariel.

As denúncias foram feitas pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) e os casos são acompanhados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

“Pedimos mais informações ao Conselho Indígena de Roraima para podermos ter os nomes das jovens e requisitarmos apurações dos possíveis estupros de vulneráveis para a Polícia Civil de Roraima, para a Polícia Federal e para o MPF (Ministério Público Federal).”

Em relação aos acolhimentos irregulares, segundo ele, tratam-se de seis crianças. “Duas situações já estariam em curso: processos de adoção de crianças yanomamis por famílias não yanomamis, em que, segundo as entidades Conselho Indígena de Roraima e Hutukara, estariam ocorrendo arbitrariedades e irregularidades”, afirmou. “Estamos aguardando que os advogados das entidades nos encaminhem maior detalhamento dos casos.”

Alves destacou haver preocupação com a presença “muito grande” de garimpeiros na área – as estimativas apontam cerca de 20 mil, em um território de aproximadamente 30 mil indígenas. “Impedir o garimpo ilegal é a principal questão para garantir a vida dos povos yanomamis”

Segundo o secretário, eventuais ações de incentivo do garimpo ilegal – o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era um defensor da flexibilização das regras de mineração nas reservas indígenas- e omissões da gestão anterior também são apuradas.

“O governo federal anterior recebeu várias denúncias, mais de 20, tratando do garimpo ilegal e das violações de direitos humanos contra os povos indígenas, e não teve atitudes visando a evitar essa situação”, afirma Alves.

Nas redes sociais, Bolsonaro disse que a emergência na saúde yanomami é uma “farsa da esquerda” e que a saúde indígena foi uma das prioridades da sua gestão.

Garimpeiros levam drogas e bebida para o território indígena

O relatório Yanomami Sob Ataque, de 2021, realizado pela Hutukara Associação Yanomami e pela Associação Wanasseduume Ye’kwana, que trata da evolução do garimpo ilegal na terra indígena, já havia falado sobre relatos de exploração sexual das meninas e mulheres yanomamis.

No polo do Rio Apiaú, por exemplo, segundo a publicação, a introdução de bebidas alcoólicas e drogas deixa as comunidades ainda mais vulneráveis aos garimpeiros.

“Um garimpeiro que trabalha na região certa vez ofereceu drogas e bebidas aos indígenas, e quando todos já estavam bêbados e inertes, estuprou uma das crianças da comunidade”, diz o relatório, que também menciona o espalhamento de doenças sexualmente transmissíveis.

“Os garimpeiros estupraram muito essas moças, embriagadas de cachaça. Elas eram novas, tendo apenas tido a primeira menstruação”, afirma uma indígena no documento.

Sexo em troca de comida

Outro relatório da Hutukara Associação Yanomami (Hay), divulgado em 2022, revela que garimpeiros exigem sexo com meninas e mulheres indígenas como moeda de troca por comida na Terra Yanomami.

O documento traz relatos de indígenas, pesquisadores e antropólogos, e mostra que ao menos três adolescentes, de até 13 anos, ficaram doentes e morreram em 2020 após os abusos praticados pelos garimpeiros.

com informações da agência estado