Mulheres violadas

PM que matou ex-companheira fez TCC sobre violência contra a mulher

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Paraná: Antes de morrer, ex denunciou o PM por forçar aborto durante ato sexual. O trabalho de conclusão de curso do homem teve o seguinte tema: "Violência Doméstica: uma análise sobre os atendimentos em Curitiba"

Dyegho Henrique e Franciele Correia

O policial militar que matou a ex-esposa a tiros em uma rua de Curitiba (PR) fez um trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre violência doméstica. Dyegho Henrique Almeida da Silva, de 33 anos, fez um curso tecnólogo à distância de Segurança Pública no Instituto Federal do Paraná. O tema do trabalho de conclusão apresentado foi “Violência Doméstica: uma análise sobre os atendimentos em Curitiba”.

Em 2008, o PM passou no concurso público para estudar e se tornar fuzileiro naval no Rio de Janeiro, estado onde nasceu, mas logo se mudou para o sul do país. Em 2012, ele chegou a prestar vestibular para o curso de medicina na Universidade Federal da Fronteira do Sul em Chapecó (SC), mas não entrou.

Contudo, a paixão dele era o direito. Ele se atraiu ao curso somente depois de passar no cargo de soldado da PM e iria concluir a graduação tão sonhada no mês de dezembro deste ano.

O soldado da Polícia Militar do Paraná passou por alguns processos administrativos, respondeu procedimentos na corregedoria e recentemente chegou a ser afastado por problemas psiquiátricos. Os casos teriam atrasado a promoção do militar.

Nas redes sociais, muitos amigos lamentaram o ato de suicídio dele e também a morte da jovem enfermeira. Em algumas publicações, colegas relataram que Dyegho era muito estudioso e esforçado.

“Foram momentos incríveis e inesquecíveis que vivemos juntos, o tanto que aprendi, o tanto que sorri. Sempre foi o irmão mais velho que eu não tive, mesmo tão longe, estava tão perto, um cara exemplar, sensato, honesto, amigável, companheiro”, disse Leo Medeiros.

Antes de cometer suicídio, o policial publicou um vídeo nas redes sociais em que se dizia “vítima de relacionamento abusivo”. “Só pra todo mundo saber, que homem também sofre relacionamento abusivo. Que homem é abusado, esculachado. Que homem passa por muita coisa na mão de uma mulher. E isso afeta o psicológico, afeta tudo. No primeiro sinal de abuso, fuja rapaziada. Vocês não merecem.”, diz o policial.

Aborto forçado

No último dia 9/9, Dyegho foi denunciado por supostamente ter tentado forçar dois abortos na enfermeira Franciele Correia e Silva, de 29 anos, ambos durante relações sexuais. A ocorrência foi registrada na delegacia do bairro Rebouças, depois das ameaças que a vítima sofreu do ex. De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher relatou que o ex-marido, teria lhe aplicado um medicamento abortivo.

“Ressalta que no ano passado a vítima engravidou do noticiado que, quando ficou sabendo, começou a insistir para ela abortar. Quando a vítima estava com dois meses de gravidez, o noticiado colocou misoprostol, vulgo Citotec, na vagina da vítima durante um ato sexual, alegando ser uma bolinha lubrificante”, diz o boletim de ocorrência.

“Como a vítima sempre tomava banho depois de manter relações, neste dia ela achou estranho que ele não queria que ela fosse para o chuveiro. Franciele relatou que estranhou o pedido, mas mesmo assim foi se banhar e notou um produto branco, que desconfiou ser o medicamento abortivo. Ao questionar Dyegho, ele confessou ser Citotec e pediu desculpas”, relatou a vítima.

Os dois teriam brigado nesse dia e o PM foi embora de casa, ainda insistindo no aborto. Franciele se negava e decidiu ter o bebê.

Criança nasceu no Uber

No dia que a enfermeira havia comprado os móveis do quarto da bebê, o PM pediu para conversar com ela e ver o espaço. Franciele relatou no B.O. que Dyegho chegou a ajudar a montar o berço e nesse mesmo dia eles mantiveram relações sexuais. Porém, Dyegho novamente surgiu com uma caixa da falsa bolinha lubrificante.

Porém, “após a relação, a vítima começou com dor e sangramento. Em contato com a obstetra, foi de Uber para o Hospital Santa Brígida, vindo a criança a nascer na frente da unidade de saúde, dentro do Uber (dia 23/03/22 a criança nasceu prematura e sobreviveu apenas 5 dias)”, descreve o BO.

O boletim de ocorrência traz ainda a informação de que quando a criança morreu, a vítima ficou com depressão e não contou a ninguém sobre os ocorridos. Dyegho foi afastado por um mês do trabalho por um psiquiatra.

Franciele não revelou aborto por medo

Franciele ainda pediu sigilo para sua advogada e os médicos, por ter medo da reação do então companheiro, pelo fato de ele ser policial militar. Ao investigador, ela ressaltou também que sua gestação correu bem, e o pré-natal estava “perfeito”. O médico que finalizou o parto no Hospital Santa Brígida chegou a questionar a vítima sobre um possível aborto proposital.

Todo o caso foi encaminhado à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Curitiba. A Polícia Civil informou que no momento não irá fornecer informações e a delegada responsável pelo caso optou por não comentar as investigações.

Relembre o caso

O soldado da Polícia Militar (PMPR) Dyegho Henrique atirou oito vezes em direção ao carro da ex-esposa em uma rua de Curitiba (PR), no final da tarde da terça-feira (13/9). Segundo a polícia, depois dos disparos, ele entrou no veículo e fez Franciele de refém. A vítima morreu após passar mais de três horas na mira do ex-companheiro, que cometeu suicídio em seguida.

Franciele tinha 29 anos, trabalhava como enfermeira e deixa três filhos, de outro relacionamento.

Com Uol

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Dyegho Henrique Almeida da Silva