ELEIÇÕES 2022

Esposa de Lula se torna o alvo principal da campanha bolsonarista

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Pesquisa Quaest mostra Bolsonaro recuperando o voto dos "arrependidos" e dos evangélicos e alvo da campanha agora é Janja. Viralizou nas redes nos últimos dias uma foto da esposa de Lula cercada de símbolos da umbanda, acompanhada de mensagem depreciativa. O bolsonarismo está disposto a transformar as eleições numa guerra religiosa

A campanha de Jair Bolsonaro (PL) decidiu apontar suas artilharias contra a socióloga Rosângela Lula da Silva, esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos últimos dias, uma foto de ‘Janja’ cercada de símbolos da umbanda passou a circular fortemente em grupos de WhatsApp bolsonaristas. Uma mensagem que associa a mulher de Lula ao ‘demônio’ acompanha a imagem.

O bolsonarismo está disposto a transformar as eleições de 2022 numa guerra religiosa. A má notícia é que, a cada nova pesquisa, fica claro que a tentativa vem surtindo efeito.

O último levantamento da Genial/Quaest, divulgado há dois dias, mostra que Bolsonaro está recuperando o voto dos ‘arrependidos’ e, sobretudo, dos evangélicos.

Nesta semana, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, compartilhou um vídeo em que o ex-presidente Lula participa na Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, de uma cerimônia de umbanda — religião que uma parcela de evangélicos, principalmente das denominações pentecostal e neopentecostal, associa a expressões malignas.

“Lula já entregou a sua alma para vencer a eleição. Isso pode, né, eu falar de Deus, não”, publicou Michelle Bolsonaro.

Janja rebateu a postagem de Michelle. “Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo. A minha vida e a do meu marido sempre foram e sempre serão pautadas por esses princípios”, disse.

A ‘Frente Inter-Religiosa Dom Paulo Evaristo Arns’, que congrega representantes de diversas religiões e integrantes da sociedade civil, também criticou a postagem de Michelle nas redes e pediram que se retrate “dentro dos princípios do amor ao próximo que afirma professar”. Em nota divulgada, a entidade afirmou que as declarações da primeira-dama ferem o Estado Democrático de Direito, promovem o ódio e ferem a lei eleitoral.

Detalhes da pesquisa Genial/Quaest

Em março deste ano, apenas 47% dos paulistas que votaram em Jair Bolsonaro em 2018 diziam pretender votar novamente nele nestas eleições. Na mais recente pesquisa Quaest, porém, essa porcentagem cresceu para 64%, um aumento de 17 pontos percentuais em cinco meses.

“Significa que um grande número de eleitores que Bolsonaro havia perdido está voltando para ele, e de forma crescente e consistente”, afirma Felipe Nunes, cientista social e diretor da Quaest.

Para o pesquisador, essa volta do “eleitor perdido” para Bolsonaro é resultado de três fatores: 1) o conjunto de ações do governo na economia, incluindo a distribuição do Auxílio Brasil; 2) o fortalecimento, causado pela proximidade das eleições, do antipetismo que desde 2006 faz o partido do ex-presidente Lula perder em São Paulo; e 3) as investidas da campanha bolsonarista para aumentar a penetração do presidente junto ao eleitorado evangélico.

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