Mulheres violadas

Médico que estuprou grávidas é hostilizado por detentos na primeira noite em Bangu 8

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Grades sacudidas, xingamentos, vaias e ameaças: médico anestesista que estuprava gestantes durante o parto é hostilizado por detentos em Bangu 8. Giovanni Quintella está em local de presos com curso superior e será mantido isolado por tempo indeterminado

Giovanni Quintella

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra está sozinho em uma cela da Cadeia Pública de Bangu 8. O criminoso seguirá isolado e sem previsão de contato com os outros presos por medida de segurança. A cela tem 36 metros quadrados e foi projetada para mais de uma pessoa, mas o médico ficará sozinho.

Giovanni tomou o café da manhã oferecido pela prisão, que inclui pão com manteiga e café com leite. Ele ocupa a mesma cela onde já ficou preso o ex-deputado federal Roberto Jefferson, amigo do presidente Jair Bolsonaro (PL). A unidade é destinada aos detentos com ensino superior.

A chegada do médico a Bangu 8, após ter a prisão em flagrante convertida em preventiva, não foi tranquila. Detentos começaram a sacudir as grades, vaiar e xingar o anestesista, como forma de protesto.

Além de ter sido filmado estuprando uma mulher na mesa de parto, ele é investigado por pelo menos cinco possíveis atos como este cometidos nas unidades em que trabalhou, entre elas o Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti.

Ao determinar a prisão preventiva do médico, a juíza Rachel Assad pontuou: “A gravidade da conduta é extremamente acentuada. Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico. Portanto, sequer a presença de outros profissionais foi capaz de demover o preso da repugnante ação, que contou com a absoluta vulnerabilidade da vítima, condição sobre a qual o autor mantinha sob o seu exclusivo controle, já que ministrava sedativos em doses que assegurassem a absoluta incapacidade de resistir”.

“Em um parto onde a mulher, além de anestesiada, dava luz ao seu filho – em um dos prováveis momentos mais importantes de sua vida – o custodiado, valendo-se de sua profissão, viola todos os direitos que ela tinha sobre si mesma. Portanto, o dia do nascimento de seu filho será marcado pelo trauma decorrente da brutal conduta por ele praticada, o que será recordado em todos os aniversários”, completou a magistrada.

Bangu 8

Bangu 8 já recebeu outros presos de casos conhecidos, como Jairinho, que aguarda julgamento pelo caso da morte do enteado, Henry Borel. Outro que também passou pelo local é o delegado Marcos Cipriano, preso na Operação Calígula, que mirou a exploração ilegal de jogos de azar pelo bicheiro Rogério de Andrade.

Os presos da operação Lava Jato também já estiveram na unidade. Um deles foi o ex-governador Sérgio Cabral, que cumpriu parte da pena na cadeia, antes de ser transferido para o Batalhão Especial Prisional da PM, em Niterói, em setembro do ano passado.

Giovanni Quintella

Giovanni atuou em pelo menos 10 hospitais públicos e privados, segundo o próprio. O preso tem 32 anos e se formou em 2017 pelo Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), no Sul Fluminense. Ele concluiu a especialização em anestesia no início de abril.

O médico usava as redes sociais para postar fotos com vestimentas das unidades e chegou a publicar: “Vocês ainda vão ouvir falar de mim, esperem”. Em outra postagem, Giovanni afirmou fazer o que gosta: “Estou aqui colhendo os frutos”.

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