ELEIÇÕES 2022

Digão diz que não é bolsonarista, mas declara voto em Bolsonaro

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Vocalista do Raimundos critica Lula e reprova protestos contra o atual governo: "Não uso palco de palanque". Digão garante que não é bolsonarista, mas avisa que votará pela reeleição de Jair Bolsonaro

Digão

Digão, vocalista do Raimundos, não poupou críticas ao comportamento de artistas que se manifestam politicamente em shows. O rockeiro de 51 anos comentou sobre os protestos no Lollapalooza 2022 e deixou claro que “não usa o palco de palanque”. As informações são do Splash.

“Eu sou um pouco polêmico, mas as pessoas não me compreendem muito. Em 2020, as pessoas me cancelaram porque eu falei mal do comunismo. Mas uma coisa é clara, o nome só mudou, porque isso, na verdade, é censura. O Instagram te censura, as próprias pessoas perseguem as outras. Eu senti na pele, mesmo que um pouquinho, como os judeus se sentiam sendo perseguidos”, disse.

“Eu sou uma pessoa que não sigo uma cartilha. O Raimundos nunca seguiu rótulo, tendência ou modismo. A gente nunca deixou de ser a gente”, continuou.

Assuntos políticos são um dos que mais contam com polêmicas envolvendo Digão. Ele diz não se identificar com nenhuma ideologia, por mais que não meça esforços para se colocar sempre contra a esquerda.

“Eu não sou bolsonarista, não sou de esquerda, não sou porra nenhuma. Eu sou Digão, roqueiro, sou pai de família e eu sei o que eu não quero para o meu país. Mas o que eu quero infelizmente não existe. Para mim, não existe vitória para o povo na política.”

Mesmo dizendo não ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), o vocalista do Raimundos não se coloca contra as atitudes do atual governo, pois seus posicionamentos seguem sempre contrários aos representantes da esquerda, menos quando o assunto é legalização da maconha, algo que ele se diz “totalmente a favor”, mesmo confessando que não fuma há 18 anos.

Concordar com uma pauta mais progressista não o faz poupar ataques ao ex-presidente Lula (PT). “Eu sempre desconfiei dele”, explica. “Essa minha bronca com a esquerda, com o Lula, vem desde os anos 1980”.

Digão se enxerga como um “contraponto” a todos os que apoiam Lula nas eleições de 2022. “Tico [Santa Cruz], João Gordo, são eles que defendem essa cartilha que rock é de esquerda. O João Gordo declarou que vai votar no Lula mesmo e foda-se. Eles não têm envergadura moral para falar de mim”.

“Eu nunca ataquei o povo ou as pessoas que querem ser de esquerda, mas as pessoas sempre me atacaram. Eu sempre ataquei o Lula político, mas nunca ataquei quem acredita nele”, afirmou Digão, que dedica parte do seu tempo nas redes sociais para divulgar conteúdos agressivos contra a imagem do ex-presidente Lula e do PT.

Para criticar Lula em uma postagem recente, Digão aproveitou a comoção em torno da morte de um jovem que morreu em São Paulo após reagir a um assalto. O roqueiro divulgou um vídeo com cortes de falas em que o ex-presidente afirma que o problema do Brasil não são os batedores de carteira ou ladrões de celular.

As eleições para escolher o novo presidente acontecerão em outubro deste ano e, mesmo acreditando que não há saída para a política no Brasil, Digão diz que fará a sua “parte como cidadão”. “Eu vou lá e vou votar em quem eu acho menos pior. Se o Bolsonaro é o único que tem, então, vou ter que votar nele.”

“Eu não tenho medo de ser questionado, de falarem mal de mim. Quanto mais falam de mim, mais me divulgam. Eu aprendi isso, na primeira vez que eu fui cancelado. Me deu um pouco de medo e tal, mas hoje eu estou cagando para essa galera”.

Outras polêmicas

Digão chegou a atribuir a relacionar a pandemia da Covid-19 ao comunismo: “Está gostando do comunismo? Governantes mandando você fechar. Toque de recolher. Proibido ir em certos lugares. Liberdade limitada. Comida limitada. Medo provocado por mídias. Sua empresa não é exatamente sua, abre e fecha quando eles querem. Não pode visitar familiares. Se tem opinião contrária pode ser preso. Se for ao mar vai ser preso. Soltam criminosos e prendem inocentes. Aproveite a amostra grátis de comunismo e lute para que não se torne permanente”, disse, na época.

Não apenas de política vivem as polêmicas de Digão: algumas também acabam envolvendo o repertório de músicas dos Raimundos, como o caso de “Me Lambe”, música lançada em 1999 e que fala de um homem tentando se relacionar com uma menina de 17 anos. O assunto já foi até mesmo comentado pelo baixista da banda, Canisso, que usou o Twitter para expressar seu descontentamento com a canção.