Corrupção

Esposa de prefeito compra R$ 1,5 milhão em roupas de grife

Share

Mensagens mostram prefeito investigado por corrupção pedindo para esposa parar de gastar após compra de R$ 1,5 milhão em roupas: "Nossos cartões estão sendo monitorados, evite fazer compras [...] ainda mais em lojas de grife"

Valter Suman (PSDB) e sua esposa (Imagem: Reprodução)

O prefeito de Guarujá, cidade no litoral de São Paulo, Válter Suman (PSDB), junto com sua esposa Edna Suman, entre outros supostos beneficiários, são alvo da Operação Nácar, da Polícia Federal. Recentemente, a Justiça Federal determinou que ele deve usar monitoração eletrônica, assim como alguns dos outros investigados. Ele já foi afastado do cargo.

O portal G1 teve acesso a prints da conversa que constam no inquérito da Polícia Federal. Nas conversas, o prefeito discute a movimentação de grandes quantidades de dinheiro com outros políticos, familiares e conhecidos, todos investigados.

Em algumas dessas conversas, a esposa pede dinheiro para o ex-secretário municipal de Educação, Marcelo Nicolau, preso em flagrante junto com Suman na 1ª fase da operação, por lavagem de dinheiro. Nicolau estava em posse de aproximadamente R$ 1,7 milhão.

Em outro trecho, o prefeito pede para a esposa ter cuidado com os gastos, pois o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) estaria monitorando pessoas próximas a ele.

Leia também: General gasta dinheiro do Exército para reformar área da piscina do imóvel onde morava

Há conversas também em que o prefeito e a esposa discutem gastos pessoais. Apenas em uma loja de roupas de grife, o casal deixou R$ 1,5 milhão. Em outras duas lojas, teriam gastos outro R$ 1 milhão.

O casal também comprou, segundo a PF, dois apartamentos em Campos do Jordão (SP), com custo aproximado de R$ 700 mil. Os imóveis estão registrados em nome dos filhos. Em um deles, foram gastos R$ 300 mil em reformas.

Busca e apreensão

Ao todo, 55 mandados de busca e apreensão em Guarujá, Santos, São Vicente, São Bernardo do Campo (SP), Carapicuíba (SP), São Paulo (SP), Campos do Jordão (SP) e Brazópolis (MG) foram realizados com a participação de 225 policiais federais e 3 auditores da CGU. Dos mandados, 33 foram cumpridos em Guarujá.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, dentre as medidas determinadas pela Justiça Federal estão o bloqueio de mais de R$ 110 milhões de bens e valores de envolvidos, além do afastamento de ocupantes de cargos comissionados e eletivos de suas funções, sendo que os mesmos podem responder pelos crimes de peculato, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas, se somadas, podem variar de 12 a 46 anos de prisão.

Em entrevista coletiva, os delegados da Polícia Federal não divulgaram o nome dos alvos da operação. Foram feitos, pelo menos, seis pedidos de afastatamento. “Hoje não foram expedidos de prisão. Não podemos divulgar isso no momento porque pesa o segredo de Justiça“, disse Marcio Xavier, Delegado de Policia Federal da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado.

Foram apreendidos dinheiro em espécie, veiculos de luxo e documentação que será analisada no proceder da investigação“, disse o delegado de Policia Federal, Rafael Astini.

Segundo Xavier, a primeira fase da operação resultou na apreensão de cerca de R$ 2 milhões e o valor desta segunda fase ainda está sendo contabilizado. Ainda de acordo com o delegado, prisões e novas buscas são descartadas nas próximas semanas.

“A partir da análise dos materiais, sempre há possiblidade de novas medidas, seja prisão ou novas buscas. Também foram apreendidos equipamentos telefônicos, computadores, documentos e depende da perícia”, disse.

Em nota, a prefeitura de Guarujá informou que, na manhã desta terça-feira (29), agentes da Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU) estão realizando diligência nos paços municipais Moacir dos Santos Filho e Raphael Vitiello, em continuidade a operação Nacar e que, como se trata de investigação sob segredo de justiça e ainda em curso, a prefeitura aguarda outras informações.

Operação Nacar

Na primeira fase da operação, o prefeito Válter Suman, e o secretário de Educação, Marcelo Nicolau, foram presos pela Polícia Federal em 15 de setembro do ano passado. Após depoimento na Delegacia da Polícia Federal de Santos, ambos foram levados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente.

Em 16 de setembro, os políticos passaram por audiência de custódia e permaneceram presos. No dia seguinte à prisão, a vice-prefeita da cidade, Adriana Machado (PSD), assumiu o cargo à frente da administração municipal.

Na noite de 17 de setembro, a Justiça Federal concedeu a liberdade provisória aos dois. A decisão afirmou que a privação de liberdade é excessiva e que ambos foram soltos por não apresentarem risco de fuga. No dia seguinte, eles saíram do presídio.

Com Yahoo e G1

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook