Racismo não

Empresária negra é vítima de racismo em padaria do Rio de Janeiro

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Sarah Fonseca chorou ao gravar vídeo denunciando o episódio. "Eu me senti humilhada, tudo aconteceu muito rápido. Isso teria acontecido se eu fosse branca?". Segurança impediu a jovem de se aproximar da mesa do próprio namorado por imaginar que ela iria 'incomodar os clientes' ou 'pedir dinheiro'. A padaria se manifestou oficialmente por meio de nota

A empresária e influenciadora Sarah Fonseca foi vítima de injúria racial nesta segunda-feira (7) na Padaria ‘Baked’, em Ipanema (RJ). Ao relatar o episódio nas redes sociais e expor o funcionário que a reprimiu, a jovem foi às lágrimas.

Sarah relatou que chegou na padaria e se dirigiu até a mesa onde estavam seu namorado e os familiares dele. Neste momento, ela conta ter sido abordada por um homem que a confundiu com uma pedinte.

“Até quando vamos ser vistos assim? Eu me senti muito humilhada porque tudo aconteceu muito rápido. Eu mal cheguei e já fui abordada. Ele (o funcionário) agiu com injúria racial comigo”.

“Eu estava indo pra essa padaria com meu namorado, a mãe dele e o marido. No meio do caminho eu decidi voltar pra casa porque estava com dor de cabeça. Voltei tudo e quando cheguei em casa, reparei que a chave não tava comigo e não tinha como eu entrar. Voltei o caminho todo e fui até a padaria que seria nosso destino. Vi eles sentados numa mesa na calçada, atravessei a rua e fui logo na direção deles na mesa”, explicou.

“Só consegui dizer uma frase ou mal completar: ‘I forgot the key with you’. Meu namorado, a mãe e o marido dela são gringos. Todos da Alemanha. Eles não falam português. Assim que mal terminei a frase, o segurança já apareceu super rápido ao meu lado pedindo pra eu sair. Como se eu estivesse pedindo dinheiro ou importunando eles”, continua.

Logo perguntei por que ele estava lá e o que ele queria comigo. Ele não pediu desculpa em nenhum momento. Ele estava lá para me retirar dali. Meu namorado que não fala português ficou sem entender nada enquanto eu discutia com esse funcionário da padaria, que parecia ser o segurança. Logo eles se levantaram para ir embora comigo porque não fazia sentido ficarem ali. Assim que levantaram, pedi para ficarem no canto porque continuei discutindo com o funcionário e comecei a gravar sobre o ocorrido. Ele ficou sentado e não fez questão alguma de entender o problema ou pedir desculpa”, explicou Sarah.

“Se fosse uma pessoa branca se aproximando da mesa, ele não teria feito nada! E eu ainda perguntei pra ele: isso tudo só por que eu sou preta? Mal sabia ele que eu já fui cliente desse mesmo lugar várias vezes. Eu já me sentei naquele local. Eu sou moradora da região. A cor da minha pele precisa definir minha atitude? Precisa mesmo definir quem sou? Inacreditável”.

Padaria se pronuncia

Após a repercussão do caso, a padaria ‘Baked’ se manifestou através de nota oficial e afirmou que o funcionário que cometeu o ato não faz parte do quadro de colaboradores do estabelecimento.

“Gostaríamos de esclarecer que o segurança em questão não é um funcionário contratado pela Baked, e sim um prestador de serviços para a rua, e de maneira nenhuma ele nos representa”.

Na nota, a loja afirma que irá entrar em contato com a associação de lojistas para que todas as medidas necessárias sejam adotadas: “Já entramos em contato com a associação de lojistas informando o ocorrido, para que sejam tomadas as medidas necessárias o quanto antes.”

No comunicado, a padaria admite que o acontecimento “é extremamente grave” e demonstra indignação pelo o ocorrido: “A Equipe Baked ficou ciente nas últimas horas que um episódio de discriminação ocorreu hoje em nossa loja, envolvendo um prestador de serviços do bairro e uma de nossas clientes. Acreditamos que a situação é extremamente grave, e estamos completamente indignados.”