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Rússia tem plano para reagir às sanções do Ocidente e China volta a atacar os EUA

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Depois de 2014, quando passou por uma primeira rodada de sanções, a Rússia montou uma espécie de blindagem para este tipo de retaliação. Estratégia de Vladimir Putin pode ser capaz de suportar sanções por mais tempo do que o Ocidente imagina. China volta a se manifestar com críticas aos EUA

Vladimir Putin

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, nesta quarta-feira (23), fez duras críticas ao comportamento dos Estados Unidos e às sanções anunciadas ontem pelo presidente Joe Biden contra a Rússia. “Na questão da Ucrânia, ao contrário dos Estados Unidos, que continuam enviando armas para a Ucrânia, criando medo e pânico e até mesmo reforçando a ameaça de guerra, a China pede a todas as partes que respeitem e prestem atenção às preocupações legítimas de segurança de cada um”, disse.

Sobre as medidas anunciadas por Biden, a porta-voz afirmou que a China acredita que “essas sanções nunca são a maneira fundamental e eficaz de resolver os problemas”. Ela acrescentou que a China se opõe a “sanções unilaterais ilegais”.

Hua mencionou as sanções impostas pelos EUA à Rússia em outras ocasiões, e questionou: “Resolveram o problema? O mundo está melhor por causa das sanções dos EUA? Os problemas da Ucrânia serão resolvidos automaticamente pela imposição das sanções dos EUA contra a Rússia? A Europa será mais segura como resultado das sanções dos EUA contra a Rússia? Acho que devemos tentar resolver o problema por meio do diálogo e da negociação”.

O Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia informou hoje que o país vai decretar o estado de emergência em todo o país por 30 dias, a não ser nas repúblicas separatistas de Luhansk e Donetsk.

Na segunda-feira (21), o presidente Vladimir Putin anunciou o reconhecimento por parte de seu país de ambas as repúblicas separatistas pró-Rússia do leste ucraniano. A região de Donbass, no leste ucraniano, vive uma guerra civil desde 2014, que já matou cerca de 14 mil pessoas.

Na terça, Joe Biden anunciou as sanções. Afirmou que instituições financeiras americanas ficarão proibidas de fazer transações do VEB Bank e do banco militar russo e os EUA aplicarão sanções contra a dívida soberana da Rússia. “Cortamos o governo da Rússia das finanças do Ocidente”, garantiu.

Como a Rússia deve reagir às sanções

Em 2014, quando tropas russas entraram na Crimeia, anexando parte da Ucrânia, isto provocou uma primeira rodada de sanções internacionais. O período ensinou a Moscou uma importante lição: estar preparado para esse tipo de retaliação.

Desde então, a Rússia vem reforçando sua defesa, reduzindo a dependência do dólar e tentando tornar sua economia à prova de sanções. Em janeiro deste ano, as reservas internacionais do governo russo, em moeda estrangeira e ouro, chegaram a níveis recordes, valendo mais de US$ 630 bilhões.

Essa é a quarta maior reserva do mundo e poderia ser usada para ajudar a sustentar a moeda da Rússia, o rublo, por um tempo considerável.

Notavelmente, apenas cerca de 16% das divisas da Rússia são atualmente mantidas em dólares, abaixo dos 40% de cinco anos atrás. Cerca de 13% é composto por renminbi chinês. Tudo isso foi projetado para proteger a Rússia o máximo possível das sanções, lideradas pelos Estados Unidos.

Também foram desenvolvidas outras mudanças na estrutura da economia russa. Com o tempo, o país reduziu sua dependência de empréstimos e investimentos estrangeiros e tem buscado ativamente novas oportunidades comerciais fora dos mercados ocidentais. A China é uma grande parte dessa estratégia.

O governo de Moscou também deu os primeiros passos para criar seu próprio sistema de pagamentos internacionais, caso seja cortado do Swift – um serviço global de informações financeiras que é supervisionado pelos principais bancos centrais ocidentais.

A Rússia também vem reduzindo o tamanho de seu orçamento, priorizando a estabilidade sobre o crescimento. Isso significa que a economia do país cresceu em média menos de 1% ao ano na última década, mas pode ter se tornado mais autossuficiente no processo.

“O que a Rússia está fazendo, na verdade, é construir quase um sistema financeiro alternativo para que consiga resistir a alguns dos choques de sanções que o Ocidente pode impor”, diz Rebecca Harding, presidente-executiva da consultoria Coriolis Technologies.