Economia

Preço da cesta básica atinge recorde e consome até 63% do salário mínimo

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Cesta básica exige mais de 112 horas de trabalho e consome até 63% do salário mínimo. Em apenas 12 meses, os preços dos produtos da cesta básica subiram até 21%

Fome provocada pela pandemia atinge 19 milhões de brasileiros (Imagem: Agência Câmara)

Vitor Nuzzi, RBA

No primeiro mês de 2022, os preços médios da cesta básica aumentaram em 16 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. Em nove cidades, a alta acumulada em 12 meses supera os 10% (em um caso, os 20%) e chega a comprometer mais de 60% do salário mínimo líquido. Açúcar, batata, café, óleo de soja e tomate foram alguns dos produtos que subiram de preço em janeiro.

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Segundo o Dieese, em janeiro só não houve aumento em Porto Alegre (-1,45%). As maiores altas foram registradas em Brasília (6,36%), Aracaju (6,23%), João Pessoa (5,45%), Fortaleza (4,89%) e Goiânia (4,63%). A cesta mais cara foi a de São Paulo, com elevação de 3,38%: R$ 713,86. Com base nesse valor, o instituto calculou em R$ 5.997,14 o salário mínimo necessário para as despesas básicas mensais de uma família de quatro pessoas. Isso corresponde a 4,95 vezes o mínimo oficial, reajustado para R$ 1.212 neste ano. Essa proporção era de 5,27 vezes em dezembro e de 5 vezes em janeiro do ano passado.

Mais da metade da renda

O tempo médio para adquirir os produtos da cesta foi de 112 horas e 20 minutos. Menos do que em dezembro (119 horas e 53 minutos) e mais do que há um ano (111 horas e 46 minutos). Apesar do reajuste do piso nacional, o trabalhador remunerado pelo salário mínimo gastou o equivalente a mais da metade (55,2%) de sua renda líquida para comprar os alimentos básicos, ante 58,91% em dezembro e 54,93% em janeiro de 2021. Esse comprometimento da renda chega a 63,67% no município de São Paulo.

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Em 12 meses, os preços dos produtos da cesta básica sobem em média de 6,79% (Florianópolis) a 21,25% (Natal). Também ficam acima dos dois dígitos em Salvador (10,45%), Belém (11,17%), Aracaju (12,64%), Curitiba (13,73%), Fortaleza (13,96%), Campo Grande (14,08%), João Pessoa (14,15%) e Recife (14,52%). A cesta aumenta 9,13% em São Paulo e 7,58% no Rio de Janeiro.

Café, açúcar, soja

De acordo com a pesquisa do Dieese, o preço do quilo do café subiu em todas as capitais, com destaque para São Paulo (17,91%), Aracaju (12,95%), Recife (12,77%) e Brasília (11,64%). “A expectativa de quebra da safra 2022/2023 e os menores estoques globais de café elevaram tanto os preços internacionais quanto os preços internos”, informa o instituto.

Já o preço do quilo do açúcar aumentou em 15 das 17 capitais, com baixa oferta e entressafra. O óleo de soja também ficou mais cara em 15 capitais. “O clima pode afetar a oferta de soja no Brasil e, além disso, há expressiva demanda externa pelo grão e pelo óleo bruto”, diz o Dieese. Pesquisada na região Centro-Sul, a batata subiu em nove de 10 cidades, chegando a aumentar 42,12% em Belo Horizonte e 31,74% no Rio. “As chuvas de janeiro atrasaram a colheita, o que causou redução na oferta e, em algumas regiões, afetou a produtividade”.

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Por sua vez, o tomate aumentou em 14 capitais – a exceção foram as da região Sul. “As altas de preço são reflexo da menor oferta, uma vez que a área plantada de tomate foi reduzida.”

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