Racismo não

Militar mata vizinho negro a tiros após confundi-lo “com um bandido”

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Em depoimento, sargento da Marinha justificou que chegava em casa quando avistou um homem se aproximando de seu veículo “muito rápido”. O militar achou que atirava em “um bandido”. A vítima, porém, era Durval Teófilo, homem negro, pai de uma menina de 6 anos, morador do mesmo condomínio. Câmeras registraram toda a ação

Durval Teófilo (esq) deixa esposa e filha de 3 anos. Viúva afirma que crime foi motivado por racismo

Um homem negro foi assassinado a tiros pelo próprio vizinho, na porta de casa, em São Gonçalo, na noite desta quarta-feira (2). Durval Teófilo Filho, de 38 anos, foi baleado ao ser “confundido com um bandido”. O atirador é o sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra, que foi preso em flagrante.

Em depoimento, Aurélio disse que chegava em casa quando avistou um homem se aproximando de seu veículo “muito rápido”. O militar afirmou ter atirado três vezes, atingindo a barriga de Durval.

Luziane Teófilo, mulher de Durval, disse que escutou os tiros. Ela afirma que o crime foi motivado por racismo e que o marido morreu porque era preto. “A minha filha, que tem 6 anos, estava esperando por ele. Imediatamente ela olhou pela janela e disse que era o pai dela”, narrou.

Aurélio então se aproximou de Durval e viu que ele não estava armado. Ainda segundo o depoimento, Durval chegou a dizer a Aurélio que era morador do mesmo condomínio. Durval não resistiu e morreu na unidade.

“A médica me falou que ele tinha sido alvejado por um vizinho que o confundiu com um bandido. Isso me deixou transtornada. Eu nunca pensei que isso fosse acontecer com um vizinho nosso”, contou a esposa da vítima.

“Vendo as câmeras, ouvindo a fala do delegado e pelo que os vizinhos estão falando, tenho certeza de que isso aconteceu porque ele é preto. Mesmo eles falando que ele era morador do condomínio, o vizinho não quis saber. Para mim, foi racismo sim”, afirmou a viúva.

Pelas imagens, Aurélio chega de carro ao portão do condomínio. Durval, a pé, aparece a alguns metros do veículo do sargento. O primeiro disparo é feito de dentro do automóvel. Aurélio salta e dá mais dois tiros. Um deles atinge a barriga de Durval, que cai. O militar, então, se aproxima.

Apesar de serem vizinhos, Luziane disse que tanto ela como Durval não conheciam bem Aurélio, pois o sargento trabalhava muito tempo embarcado e era visto poucas vezes pelo condomínio. Após o crime, a família do militar deixou o local e a casa estava trancada e vazia na manhã desta quinta-feira.