Tragédia

Delegado lamenta morte de filho engasgado com tampa: “Fiz de tudo para salvar ele”

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Delegado rebate críticas de pessoas que o culparam por morte do próprio filho de 2 anos: "Se as acusações fossem só de negligência seriam menos dolorosas. Estou diariamente sendo chamado de assassino". Ele também explicou por que não compareceu ao velório e enterro da criança

O delegado Carlos Alberto Gomes Pereira com o filho

“Eu fiz de tudo para salvar a vida do meu filho. Quando ele engoliu a tampinha, estava próximo de mim, e o fez no momento em que eu estava organizando as coisas pós almoço. Não houve falta de cuidado, ele estava sendo monitorado, foi uma tragédia que eu não desejo a nenhum pai ou mãe”.

O relato acima é do delegado Carlos Alberto Gomes Pereira Filho, pai do menino Arthur Gomes Benjamim, de 2 anos, que morreu na sexta-feira (7) em Macapá engasgado com uma tampa de garrafa pet.

O policial se pronunciou pela primeira vez na quarta-feira (12) através de uma carta de esclarecimento. No texto, o homem lamenta que esteja sendo apontado como culpado pela tragédia e afirma que fez de tudo para salvar a criança.

“Pergunto quem é que vai imaginar que o filho vai morrer por ter uma garrafa pet de água mineral em casa? Em qual contexto esse resultado é imaginável ou esperado? Qual pai pode ser apontado como negligente por isso? Na verdade, fossem as acusações só de negligência, seriam menos dolorosas. Estou diariamente sendo chamado de assassino”, diz.

O delegado conta que a tragédia aconteceu na cozinha da casa dele, logo após o almoço. O filho estava a poucos metros brincando no chão. Quando a criança ficou em silêncio, Carlos Alberto se virou e percebeu que ela já não estava se mexendo.

“Assustado e sozinho, tentei identificar o que estava ocorrendo, mas no momento de desespero não consegui entender ou detectar o motivo, a reação que consegui ter, naquele momento, foi de checar os seus sinais vitais, que estavam presentes. Imediatamente, coloquei ele no meu colo e o levei às pressas até a unidade de saúde mais próxima”, escreveu.

“Lá chegando, o médico imediatamente o atendeu. A equipe médica optou por chamar o SAMU, que chegou após aproximadamente 30 minutos, o que aumentou ainda mais a minha angústia, já que não sabia o que estava acontecendo com o meu filho. Após a sua chegada a equipe do SAMU rapidamente identificou o problema e retirou uma tampinha de garrafa pet das vias aéreas do meu filho. Infelizmente, ele já não apresentava mais sinais vitais.”

Ausência em velório

Na carta de 4 páginas, o delegado também explicou por que não compareceu ao velório e enterro do filho, fator que gerou críticas, devido a ameaças que vinha sofrendo por parte da família materna da criança e também para evitar o desconforto que a presença dele causaria.

Carlos Alberto também esclareceu no depoimento que não se pronunciou antes por conta do desgaste mental com toda a situação. Também disse que colaborou com as investigações sobre o caso e vem recorrendo a tratamento psiquiátrico e psicológico para lidar com a perda do filho.

“Quero na oportunidade me solidarizar verdadeiramente com a família. Mas, quero que não se esqueçam que eu também sou a FAMÍLIA. Todos estão sofrendo muito, jamais em minha vida gostaria que isso tivesse ocorrido”, declarou o delegado.

“Não desejo isso a ninguém, eu era o maior interessado em ver meu filho bem. Mas não se esqueçam que sou um pai que assistiu o seu filho morrer. Não quero dizer que minha dor é maior que a de ninguém, mas também não é a menor.”

O pai já foi ouvido no inquérito aberto pela Polícia Civil, que recolheu imagens das câmeras de segurança do local do acidente. Além dos depoimentos, a investigação segue com os laudos da perícia da casa e do corpo da vítima.

A família materna da criança está em choque e diz que aguardará o andamento das investigações. O avô materno da criança chegou a passar mal e precisou ser socorrido quando recebeu a notícia da morte do neto.