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Secretário de Bolsonaro viaja 60 vezes e bate recorde de uso de verba com passagens

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Apenas com passagens, Secretário da Defesa do governo Bolsonaro gastou R$ 527 mil de dinheiro público. Em uma única viagem à Rússia, chegou a gastar mais de R$ 50 mil com locomoção e hospedagem

Marcos Rosas Degaut Pontes (Imagem: Marcos Corrêa | PR)

Paulo Motoryn, Brasil de Fato

O secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Marcos Degaut, é o servidor público federal recordista em gastos com viagens internacionais desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro. O custo total é de R$ 418.310,19 em 18 viagens desde o início da gestão. Em outras 41 viagens nacionais, Degaut já custou aos cofres públicos R$ 109.290,58.

A soma supera o meio milhão de reais (R$ 527,7 mil) em pouco mais de dois ano e meio. O montante coloca o servidor, que foi secretário de Assuntos Estratégicos do ex-presidente Michel Temer (MDB), como o principal gastador com passagens e diárias considerando todos os servidores públicos federais durante o governo Bolsonaro.

Considerando apenas o período posterior à data que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia do novo coronavírus, em março do ano passado, foram R$ 340.631,23 gastos. Dez das 18 viagens internacionais feitas por ele ocorreram pós-coronavírus. O número é superior às que foram realizadas por Degaut antes da crise sanitária (oito).

Nos últimos dois anos (2020 e 2021) catalogados pelo Painel de Viagens a Serviço do Portal da Transparência, o servidor ficou na 2ª colocação no ranking que aponta os funcionários que mais custaram aos cofres públicos em razão da realização de viagens a serviço ao exterior.

As duas viagens mais caras feitas por Degaut foram à Rússia. Na primeira delas, em agosto de 2020, quando visitou a cidade de Moscou, o valor total (passagens e diárias) foi de R$ 50.944,05. Em agosto deste ano, foi novamente ao território russo por dez dias, em viagem com custo total de R$ 46.180,10.

As viagens feitas por ele aos Emirados Árabes (R$ 38.335,21), ao Egito (R$ 28.900,03) e à Itália (R$ 27.400,96) aparecem em seguida como as de custo mais elevado. Todas elas ocorreram neste ano com a justificativa de comparecimento a fóruns, seminários e eventos com a temática militar.

Marcos Degaut recebe Jair Bolsonaro no aeroporto dos Emirados Árabes; servidor já foi ao país três vezes desde 2019 (Imagem: Twitter)

O Brasil de Fato procurou o Ministério da Defesa para verificar qual o posicionamento da pasta sobre os gastos de Degaut durante as viagens. Até o momento, não houve retorno. Caso o ministério responda aos questionamentos feitos nesta segunda-feira (27), a resposta será incluída na reportagem.

Leia o ranking dos servidores mais gastadores com viagens internacionais:

Pessoas com maiores gastos de viagens a serviço em 2021 (Fonte: Portal da Transparência)

Por que a mamata bilionária dos militares não causa indignação nacional?

Pessoas com maiores gastos de viagens a serviço em 2020 (Fonte: Portal da Transparência)

Nas redes sociais, bolsonarista de carteirinha

Em publicações em suas redes sociais, Degaut é defensor contumaz do presidente Jair Bolsonaro. Ele apoiou as manifestações de 7 de setembro, elogiando a ocupação da Esplanada dos Ministérios por apoiadores bolsonaristas.

Em 2019, chegou a publicar uma foto em companhia do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ), este último que chegou a ser preso por fazer ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

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