Economia

Inflação acelera em agosto e é a maior para o mês desde 2000

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Inflação de agosto é a maior em 21 anos. Dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. Desgovernado, país segue caminho caótico enquanto o presidente alimenta apoiadores com conspirações e baderna

(Imagem: Marcelo Camargo | ABr)

Daniel Silveira e Laura Naime, G1

A inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, ficou em 0,87% em agosto, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa para um mês de agosto desde 2000, embora levemente abaixo dos 0,96% registrados em julho.

Os combustíveis foram o ‘vilão’ da inflação no mês. Segundo o IBGE, a alta foi de 2,96%, acima dos 1,24% do mês anterior. Só a gasolina, com alta de 2,80%, foi responsável por 0,17 ponto percentual da inflação mensal, sendo o item com o maior impacto individual sobre o índice. Etanol (4,50%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%) também ficaram mais caros no mês.

O preço da gasolina é influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a política de preços da Petrobras“, disse em nota o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida.

Almeida destacou que “o dólar, os preços no mercado internacional e o encarecimento dos biocombustíveis são fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final“.

No ano, a gasolina acumula alta de 31,09%, o etanol 40,75% e o diesel 28,02%.

Imagem: G1

Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 9,68%, a mais alta desde fevereiro de 2016, quando ficou em 10,36%. No ano, o IPCA acumula alta de 5,67%.

Desde março, o indicador acumulado em 12 meses tem ficado cada vez mais acima do teto da meta estabelecida pelo governo para a inflação deste ano, que é de 5,25%.

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Além disso, o indicador acumulado em 12 meses ficou acima de 10% em 8 das 16 regiões pesquisadas pelo IBGE.

Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados:

Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 8 apresentaram alta em julho:

↱ Alimentação e bebidas: 1,39%
↱ Habitação: 0,68%
↱ Artigos de residência: 0,99%
↱ Vestuário: 1,02%
↱ Transportes: 1,46%
↱ Despesas pessoais: 0,64%
↱ Educação: 0,28%
↱ Comunicação: 0,23%
↱ Saúde e cuidados pessoais: -0,04%

Peso dos transportes e passagens aéreas mais baratas

Puxados pelos combustíveis, os transportes tiveram alta de 1,46% em agosto, exercendo a maior influência sobre o IPCA entre os grupos.

Tiveram alta também, aqui, veículos próprios (1,16%), com alta de 1,98% nos automóveis usados, 1,79% nos novos, e 1,01% em motocicletas. Já os transportes públicos tiveram queda média de 1,21%, sob influência de uma queda de 10,69% nos preços das passagens aéreas.

Alimentos seguem em alta

Os preços dos alimentos não deram trégua para os consumidores em agosto: com alta de 1,39% (mais do dobro da alta de 0,60% registrada em julho), tiveram o segundo maior peso sobre o IPCA de agosto.

Veja as principais altas entre os itens:

↱ batata-inglesa: 19,91%
↱ café moído: 7,51%
↱ frango em pedaços: 4,47¨
↱ frutas: 3,90%
↱ carnes: 0,63%

Alta da conta de luz perde força, mas ainda pressiona

Vilã da inflação do mês passado, a alta da energia perdeu força em agosto, subindo 1,10% (em julho, foi de 7,88%) – mas seguiu pressionando as contas.

O resultado é consequência dos reajustes tarifários em Vitória, Belém e em uma das concessionárias em São Paulo. Além disso, a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos, vigorou nos meses de julho e agosto”, afirmou André Filipe Almeida.

Os preços do gás encanado (2,70%) e do gás de botijão (2,40%) também subiram.

Regiões

A pesquisa mostra ainda que todas as áreas pesquisadas tiveram inflação em agosto.

A maior taxa foi registrada em Brasília, de 1,40%, influenciada pelas altas nos preços da gasolina (7,76%) e da energia elétrica (3,67%). Já a menor foi na região metropolitana de Belo Horizonte (0,43%), por conta da queda nos preços das passagens aéreas (-20,05%) e da taxa de água e esgoto (-13,73%).

Meta de inflação e perspectivas

A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que foi elevada no início de agosto para 5,25% ao ano.

As estimativas do mercado financeiro já estão longe das metas do BC: na última pesquisa Focus, que reúne as projeções dos analistas, a inflação esperada para este ano já chegava a 7,58%.

Já a expectativa dos analistas para a taxa Selic no fim do ano está atualmente em 7,63%, o que pressupõe que haverá novas altas nos próximos meses.

Na ata de sua última reunião, o Comitê de Política Monetária do Banco Central avaliou que a inflação ao consumidor continua se revelando “persistente”, indicando uma nova alta de um ponto percentual no juro básico da economia em sua próxima reunião, marcada para 21 e 22 de setembro.

Para 2022, a inflação também dá mostras de estar fora do esperado: o mercado financeiro estima uma taxa de 3,94%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se oscilar de 2% a 5%.

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