Racismo não

Homem negro com prótese é obrigado a se humilhar para entrar em banco no ES

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Homem negro com prótese abaixa as calças publicamente para provar cicatriz e entrar em banco no ES. "Nunca tinha passado por uma situação tão constrangedora em minha vida"

(Imagem: Reprodução)

Um cliente foi barrado na porta giratória de uma agência bancária no bairro Jucutuquara, em Vitória (ES), na sexta-feira (10). O mecanismo — que possui detector de metais — travou porque ele possui uma prótese de metal no quadril.

Segundo Marcelo Cabral, mesmo após informar sobre a cirurgia, ele abaixou as calças para mostrar aos seguranças uma cicatriz que tem no corpo e conseguir entrar no banco.

Comuniquei à segurança na hora que foi minha vez de entrar no banco. Ela comunicou a outro funcionário que estava na agência sobre eu usar prótese após uma cirurgia. Tentei entrar cinco vezes porque travava. Acabou que abaixei um pouco as calças para mostrar o local da cirurgia que fiz há três anos. Nunca tinha passado por esse constrangimento“, contou.

Em uma publicação no seu perfil do Facebook, ele disse que não sabe se foi vítima de racismo ou outro crime, mas agora ele está recebendo orientação do movimento negro em Vitória e apoio psicológico.

Nunca tinha passado por uma situação tão constrangedora como foi essa, não só de ter que abaixar a calça para mostrar a cicatriz, mas também […] entender que foi por conta da minha cor que eu apresentava um risco para a agência“, falou o autônomo.

O episódio ocorreu na manhã da última sexta-feira (10), quando Marcelo foi à agência com a esposa. Toda situação teria durado em torno de seis minutos.

Ele afirma que está com a prótese há dois anos e que esta foi a primeira vez que precisou passar por uma situação de constrangimento do tipo.

Já houve situação em banco em que eu fui parado, comuniquei que tinha prótese e imediatamente a pessoa identificou e me deixou entrar sem precisar apresentar laudo ou documentação. Desta vez, depois que entrei, ninguém do banco me procurou para pedir desculpa. Acredito que se fosse uma pessoa branca teria um cuidado maior de tratar do caso. Isso não pode ficar impune“, disse Marcelo, vítima de constrangimento.

Segundo o irmão de Marcelo, Isaías Santana, o movimento negro irá tomar uma posição e se colocar para assessorar uma ação judicial contra os envolvidos nesse episódio.

A advogada consumerista Rayane Vaz explicou que é dever do banco promover a segurança. No entanto, a agência bancária não pode extrapolar e sujeitar o consumidor ao ridículo e à humilhação. “Nesse caso, o banco extrapolou a razoabilidade“, disse.

Confira a nota oficial da Caixa na íntegra:

“A CAIXA informa que utiliza portas automáticas giratórias com detectores de metal em suas agências de acordo com a Lei 7.102/83 e Portaria 3233/2012 do Departamento de Polícia Federal, que disciplina todo o sistema de segurança em estabelecimentos financeiros em território nacional.

Em atenção ao caso relatado, o banco esclarece que, ao entrar na agência, os clientes passam por triagem, de modo a garantir o correto direcionamento no atendimento e distribuição de senhas. Assim que informou sobre a prótese, o cliente recebeu o adequado encaminhamento para atendimento.

Cabe destacar que as portas giratórias são utilizadas pelos bancos para impedir o acesso de pessoas às agências portando objetos que coloquem em risco a segurança de clientes e empregados, nunca para criar obstáculos ou constrangimentos aos usuários.”

Com Uol e A Gazeta

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