ELEIÇÕES 2022

“Só Deus me tira daquela cadeira”, diz Bolsonaro após atacar Lula

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Pesquisa Datafolha mexe com Jair Bolsonaro, que xinga Lula de "ladrão de 9 dedos". Presidente também manifestou incômodo com o avanço das investigações da CPI e demonstrou obsessão para se manter no cargo

RBA

A pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (13) mostra que a CPI da Covid já começa a causar danos eleitorais ao governo Bolsonaro. As intervenções desastrosas da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) durante o depoimento do ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom) Fabio Wajngarten, que quase foi preso na CPI da Covid, demonstram o “desespero” que tomou conta dos integrantes da base bolsonarista.

Durante evento em Alagoas nesta quinta-feira (13), Bolsonaro fez ataques ao ex-presidente Lula. “A Caixa lá atrás, com aquele ladrão de nove dedos, dava prejuízo”, disse ele, se referindo ao petista.

O presidente também atacou Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid. Após chamá-lo de “picareta e vagabundo”, Bolsonaro ainda o comparou a Judas. “Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem em nosso país”. Por fim, Bolsonaro demonstrou obsessão pelo cargo: “Somente Deus me tira daquela cadeira [presidencial]”.

ELEIÇÕES 2022

A pesquisa Datafolha mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se consolida com ampla vantagem na liderança da corrida presidencial de 2022.

“É muito provável que a tenhamos um grande desgaste do governo Bolsonaro. Não é à toa que ele temia tanto a CPI”, avalia o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto. “Por outro lado, se o governo atual, que se apresentou como o mais antipetista nas últimas eleições, se desgasta, por contraste, fortalece o seu antagonista”, acrescentou.

O levantamento também revela que, até o momento, a chamada “terceira via” é praticamente inexistente. O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) aparenta dificuldades de crescimento, tanto à esquerda quanto à direita, enquanto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aparece pouco acima da margem de erro.

Diante desse quadro, Couto afirma que a sobrevivência da chamada “terceira via” vai depender da capacidade de articular os diversos postulantes desse campo em uma candidatura única. O contínuo desgaste do governo Bolsonaro, por outro lado, abre a possibilidade para que essa candidatura mais moderada possa a vir a ocupar o espaço da direita. O cientista ressalva, contudo, que tudo isso vai depender da evolução do cenário até o ano que vem.

“O que parece um pouco mais definitivo é que o campo da esquerda tende a ficar ocupado de maneira mais estável pelo ex-presidente Lula. O campo da extrema-direita tem o Bolsonaro. Mas é preciso ver o quanto esse campo consegue se expandir em direção à direita tradicional e centro direita”, frisou Couto. “Esse espaço está se reduzindo. Por isso é preciso prestar atenção na construção dessa candidatura ao centro. Se se fortalecer, deve pegar essa herança que Bolsonaro pode deixar.”