Barbárie

Psicólogas explicam por que Monique pode não sentir culpa pela perda do filho

Share

Promotor afasta hipótese de que Monique estaria dopada quando seu filho foi morto. Psicólogas analisam postura fria da mãe de Henry Borel

Monique Medeiros

A professora Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, de quatro anos, está presa por suspeita de participação no assassinato do próprio filho. Monique também é acusada de coagir testemunhas para atrapalhar as investigações.

No dia em que foi presa, um repórter se aproximou de Monique e perguntou: “Vocês mataram o menino? Bateram nele?”. A professora não se abalou com o questionamento, mantendo silêncio diante da pergunta do jornalista.

Chegando à 16ª DP e cercada por policiais e jornalistas, ouvindo gritos e xingamentos de populares próximos ao local, a professora manteve a cabeça erguida, aparentando tranquilidade. Esses dois episódios não foram suas primeiras demonstrações de frieza, segundo a polícia.

Um dia após o enterro de Henry, Monique foi ao salão de beleza de um shopping na Barra da Tijuca. Três profissionais cuidaram dos pés, das mãos e do cabelo da professora, que pagou R$ 240 pelo serviço. Mas o que esses comportamentos dizem sobre o caso?

A psicóloga Aline Saramago explicou que não é viável ainda fazer um diagnóstico com maior profundidade, dadas as circunstâncias, embora seja possível identificar algumas hipóteses.

“É possível que ela [Monique] tenha um comportamento narcísico, no sentido de buscar transparecer um status de grandiosidade. Isso pode ter levado ela a se arrumar, ir no salão, ter se maquiado. Poderia ser possível dizer que ela tenha um certo egoísmo, uma menor empatia em relação ao filho”, disse.

Aline ainda mencionou situações de conflitos familiares, em que os pais são distantes dos filhos e não escutam a criança, e não levam em consideração as questões que aparecem durante e após o processo de divórcio.

“Muitas coisas podem ter parado na cabeça dela (Monique), e talvez ela não tenha escutado a criança. É possível que ela tenha uma parafilia que se chama Hibristofilia, que são pessoas que acreditam que podem ‘mudar’ o seu parceiro, de alguma forma, e talvez ela quisesse ganhar a atenção do público a partir do momento que ela se relaciona com alguém que tem atos questionáveis, talvez por uma insegurança ou baixa autoestima”.

Muitas pessoas se questionaram como uma mãe teria condições psicológicas de ir a uma salão de belezas um dia após enterrar o filho. A selfie que a professora tirou na delegacia também causou estranheza.

A psicóloga Cláudia Melo também apontou que Monique demonstrou ter traços de psicopatia, e que em suas características, a professora parecia ter apreço pelo status, envolvimento com o poder e a visibilidade. Isso poderia ser um ato que indicaria e o motivo pelo qual ela buscou manter a sua aparência e postura calma diante dos fatos.

“É necessário se colocar no lugar da criança primeiro e observar o que está ao redor dela. Não é comum uma mãe ter um comportamento frio e distante da dor. Normalmente, uma mãe vai estar no processo de um luto tão profundo que naturalmente isso fica exposto no seu olhar, atitudes, conduta e fala”, disse.

“Ela demonstrou sinais de ter um olhar muito narcisista e não estar numa situação de mãe que passa por um sofrimento. São pontos que precisamos avaliar. Paramos para pensar sobre traços de sociopatia ou psicopatia, que podem ser leves, moderados ou graves, e uma pessoa com essas características pode sentir ausência de remorso, culpa, e se comportar de maneira distanciada, sem afeto”, explicou.

Dopada

O promotor de Justiça Marcos Kac, responsável pelo Caso Henry no Ministério Público do Rio de Janeiro, afastou a possibilidade de Monique Medeiros ter sido dopada no dia da morte do filho. A possibilidade foi levantada após relatos de que uma ex-namorada de Dr. Jairinho teve a sensação de ter sido dopada por remédios.

Para afastar a hipótese de que Monique fora dopada, Kac lembrou que a mãe de Henry e o padrasto ficaram da madrugada daquele dia até o início da manhã ocupados com a tentativa de resgate da criança e, posteriormente, com os trâmites legais da morte.

“Não me parece que uma pessoa dopada num determinado momento tivesse condições necessárias de levar o filho no colo, de tomar automóvel, de fazer manobra boca a boca, de prestar depoimento no hospital. Então acho que essa hipótese é muito, muito remota, muito, muito pouco provável”.

Kac afirmou que Monique e Jairinho demonstraram preocupação para enterrar o corpo da criança o mais rápido possível e sem realização de perícia.

“Vida que segue, faz outro”

A frieza do vereador Dr. Jairinho também provocou espanto. Na madrugada de oito de março, enquanto Henry era socorrido no hospital Barra D’Or, Jairinho disse a Leonel, pai da criança: “Vamos virar essa página, vida que segue. Faz outro filho”.

Após a declaração, Jairinho ainda tentou – segundo o diretor do hospital – evitar que o corpo do menino fosse levado ao Instituto Médico Legal (IML).

VEJA TAMBÉM: Fotógrafo que acusou Jairinho de tortura perdeu esposa e filhos