Saúde

Covid-19 devasta cidade governada por fã de Bolsonaro

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Em apenas um mês, mortes aumentaram 171% em cidade governada por prefeito que chama a si mesmo de o 'Bolsonaro caipira'. Prefeito de Mirandópolis (SP) é contra o isolamento social e promove o tratamento mortal à base de ivermectina e cloroquina

Everton Sodário (esq, sem máscara)

Fernando Brito, Tijolaço

A Folha traz hoje a patética história de Mirandópolis, cidade do interior paulista que elegeu um certo Everton Sodário, autointitulado “o Bolsonaro Capira” como seu prefeito.

O indigitado cidadão seguiu à risca a cartilha do inspirador: perambulava, sem máscara, aglomerando o que era possível na cidade de menos de 30 mil habitantes. Xingou a “vachina”, fala de “vírus chinês” e, claro, distribuiu a rodo hidroxicloroquina, ivermectina e outras porcarias do tal “tratamento precoce”.

O resultado, claro, foi que as mortes saltaram 171% em mês, cinco vezes mais que os 32,5% de aumento que tiveram, na média, no Estado de São Paulo.

Depois que o povo abriu o olho com o sujeito é que a coisa “melhorou” um pouquinho: a taxa de ocupação dos 18 leitos de UTI do município baixou de 185% para “apenas” 115%, agora.

De cada dois mirandopolenses que morreram este ano, um foi de Covid.

Se o presidente Jair Bolsonaro quer investigação sobre o que fizeram governadores e prefeitos na pandemia, bem que poderia usar seu filhote de Mirandópolis como exemplo de monstruosidades.

Mas é claro que o capitão não quer investigação, quer confusão.

Veja trechos da matéria da Folha:

Conhecido como “Bolsonaro caipira”, Sodario é um ex-ativista de direita que foi eleito para um mandato tampão como prefeito em 2019 e reeleito no ano passado.

A prefeitura gastou desde o início do ano R$ 22 mil na compra de 26 mil comprimidos destes remédios para o serviço municipal de saúde, ignorando as evidências e o riscos à saúde que representam.

As compras seguiram a todo o vapor mesmo no auge da piora dos casos. Em 30 de março, foram mais 3.000 pílulas de azitromicina adquiridas com dinheiro público.

Sodario também é um cético da Coronavac, assim como Bolsonaro. “Sou o primeiro a não tomar essa vacina chinesa e não obrigarei meu povo a tomar essa porcaria”