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Bolsonaro dá risada ao falar sobre suposto aumento de suicídio na pandemia

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Presidente Jair Bolsonaro espalha notícia confusa publicada em jornal conservador sobre aumento de suicídio e dá gargalhada: “O que eu falei lá atrás? Hehehehehe. Será que eu tenho bola de cristal? Não, é que eu não sou tão burro”

Para se gabar de que ‘acertou previsão’, Bolsonaro dá risada ao citar suposto aumento de casos de suicídio

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu gargalhada nesta quinta-feira (4) ao comentar um suposto aumento de suicídios na pandemia.

Em live no Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que não errou “nenhuma” previsão sobre a pandemia, ao contrário do que aconteceu de fato — da “gripezinha” à “conversinha” sobre a segunda onda de Covid.

“Fevereiro de 21… (risos). Pode sorrir, Tarcísio, pode sorrir, tem problema não. A coisa é séria, pessoal. Gazeta do Povo: ‘Depressão e suicídio entre jovens aumentam durante a pandemia”, afirmou Bolsonaro, rindo, ao lado de Tarcísio Freitas, ministro da Infraestrutura.

Logo antes da declaração, Bolsonaro mostrou uma reportagem de 2020 em que ele dizia que o isolamento poderia levar a suicídio e depressão, sem apresentar dados.

“Aí o pessoal fala que eu tinha bola de cristal, eu não tinha não, sou não só tão burro quanto aqueles que me criticam”, completou.

O texto citado pelo presidente foi publicado pelo ‘Gazeta do Povo’, jornal bolsonarista que abriga nomes como Rodrigo Constantino e Alexandre Garcia.

A matéria traduzida pelo jornal paranaense é de uma escritora americana negacionista e trata apenas de uma região específica dos EUA, sem mencionar nenhum dado oficial. Veja o que diz o texto:

Embora os dados agregados de suicídio dos EUA para 2020 não estejam disponíveis por alguns anos, devido a atrasos nos relatórios, os dados estaduais e municipais revelam tendências desanimadoras. No condado de Pima, os suicídios no Arizona aumentaram 67% em 2020 em comparação com o ano anterior para crianças de 12 a 17 anos, e os suicídios infantis em todo o estado também aumentaram desde 2019. West Virginia viu um aumento repentino nas tentativas de suicídio de estudantes durante a pandemia.

Críticas ao isolamento

Em meio ao número recorde de mortes e da falta de leitos de UTI no país por conta do coronavírus, Bolsonaro também atacou durante a live as políticas de isolamento social e restrição de atividades aplicada por estados.

O presidente começou as críticas às políticas de isolamento social ao citar uma nota do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal em que a entidade se posiciona contra o lockdown e utiliza uma fala fora de contexto de um integrante da Organização Mundial de Saúde para afirmar que a OMS condena essa política, o que não é verdade.

Na verdade, a posição oficial da entidade mundial sobre o lockdown é que essa medida precisa estar aliada a outras ações para que o combate à pandemia seja eficiente e não prejudique as pessoas em situação vulnerável.

Bolsonaro, no entanto, utilizou a nota do CRM-DF e a frase do integrante da OMS para atacar o lockdown. “Nas palavras do doutor David Nabarro: ‘o lockdown não salva vidas e faz os pobres muito mais pobres'”, disse o presidente, ao ler a nota.

Em seguida, ele também citou uma notícia em que o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirma que “as pessoas vão morrer de fome com o lockdown”, sem contextualizá-la. “Ué, de São Paulo? O Estado que está fechando tudo?”, ironizou o presidente.

VEJA TAMBÉM: Após lockdown, Portugal vai do colapso a uma das mais baixas taxas de transmissão

Na verdade, o que o secretário de Saúde de São Paulo afirmou na entrevista em questão, à rádio CBN, é que, em sua opinião, o país não tem condições de realizar um lockdown rígido como em países da Europa, em que as pessoas são de fato proibidas de saírem de casa, enquanto a população mais pobre não tiver à disposição medidas como o auxílio emergencial.

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