Direita

Levantamento mostra que Daniel Silveira mentiu quando disse ter matado “uns 12”

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Registros desmentem Daniel Silveira sobre ter matado 'uns 12' quando era PM. Levantamento encontrou 20 ocorrências nos quase 6 anos do 'soldado Lúcio' na corporação, mas em nenhum deles o então policial anotou um único disparo de arma de fogo

Daniel Lucio Silveira

Quando tomou posse como deputado federal em 2019, Daniel Silveira (PSL-RJ), preso na semana passada por atacas ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu entrevista para uma matéria na revista “Piauí” sobre a história de sua vida.

À época, ele se gabava ao compartilhar memórias do tempo em que atuou como soldado da Polícia Militar do Rio de Janeiro (2012 a 2018) e chegou a dizer que não sabia ao certo quantas vezes “acionou o gatilho” — ou seja, matou alguém. Mas, segundo ele, o número era algo de “uns 12”.

Não dá para contar quantas vezes acionei o gatilho. Mas não tive desvios de conduta, nunca matei ninguém. Não por erro”, disse rindo à revista.

Ao ser questionado quantos matou, ele completou dizendo “devo ter o quê?! Uns 12, por aí. Mas dentro da legalidade. Em confronto policial. É sempre em confronto. Já fui alvejado também, patrulhando“, concluiu.

Mas não é bem assim. Segundo levantamento do G1 e TV Globo com base nos registros de ocorrência policial, Silveira jamais matou qualquer pessoa em confronto armado ao longo da carreria. De acordo com os documentos, não há registros de auto de resistência assinado por ele.

Para ele ter atirado, tem que ter havido resistência de algum opositor. Se alguém atirou contra o policial, ele teria que ter feito um registro de ocorrência. Se não fez, oficialmente não existiu, ou ele prevaricou”, disse ao jornal um especialista em segurança pública.

Além disso, ainda segundo o levantamento, também não há registro oficial de que o então soldado tenha disparado sua arma uma vez sequer.

20 ocorrências –  8 encontro de cadáver

O levantamento com base nos registros oficiais mostra outra curiosidade de Silveira, que se vangloriava das atuações quando PM. Ao longo de sete anos de carreira como policiala militar, o atual deputado realizou apenas duas prisões em flagrantes.

Em uma delas, Silveira capturou dois homens que furtaram uma câmera fotográfica na praia em Ipanema. Já na segunda vez que o então policial militar prendeu alguém em flagrante foram duas irmãs que tentaram furtar gel lubrificante de uma farmácia — mas, segundo os registros, Silveira só foi acionado para “buscar” as infratoras, já que o dono do estabelecimento havia detido as duas.

Segundo os registros, Silveira anotou apenas 20 ocorrências em serviço. A mais recorrente: encontro de cadáveres (8). Seguido por acidentes de trânsito (2), prisões por furto (2), brigas (2), detenção de usuário de drogas (1), apreensão de arma de brinquedo (1), apreensão de drogas (1), explosão de caixa eletrônico (1), desacato (1) e encontro de furto de petróleo (1).

Indisciplina

Embora a lista de ocorrências de Silveira seja modesta — média de menos de três por ano trabalhado —, a atuação do atual deputado se destaca no quesito indisciplina.

Enquanto policial, Silveira recebeu 26 dias de prisão, 54 dias de detenção, 14 repreensões e 2 advertências. Ou seja, em menos de 70 meses de trabalho, ele foi punido 96 vezes, de acordo com levantamento com bases em ocorrências feita pelos jornais.

A defesa do deputado disse em nota que “todos os fatos já foram ampla e notoriamente esclarecidos e qualquer tentativa de trazê-los à tona mais uma vez corroboram apenas para o assassinato de reputação que se intenta contra o parlamentar“.

Prisão em flagrante

Silveira foi preso em Petrópolis (RJ) e seria encaminhado à Superintendência da PF no Rio de Janeiro, no centro da capital fluminense.

De acordo com a decisão, chegou ao conhecimento do STF o vídeo publicado pelo deputado em que ele “durante 19 minutos e 9 segundos, além de atacar frontalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal, por meio de diversas ameaças e ofensas à honra, expressamente propaga a adoção de medidas antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal, defendendo o AI-5“.

O Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, marcou o recrudescimento da repressão na ditadura militar no Brasil.

Moraes diz ainda que Silveira defendeu “a substituição imediata de todos os ministros [do STF]” e instigou “a adoção de medidas violentas contra a vida e segurança dos mesmos, em clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação de Poderes“.

Em sua defesa na Câmara, o deputado federal adotou um tom conciliatório e pediu desculpas pelos ataques ao STF.

via Yahoo! e Fantástico 

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