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“Meu irmão morreu eletrocutado em um local onde enriqueciam às custas dele”

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"Ele ganhava um salário mínimo para cuidar de tudo, enquanto o chef nem entrava na cozinha. Tomam choque lá há mais de 10 anos; agora, estão questionando a causa da morte", desabafa irmão de cozinheiro morto em Trancoso

Robson Santos da Silva, o Acerola

Um cozinheiro morreu eletrocutado na noite de sexta-feira (1) na famosa pousada ‘El Gordo’, em Trancoso (BA). Robson Santos da Silva, de 31 anos, o Acerola, como era chamado pelos colegas, teria levado um choque elétrico enquanto mexia na máquina de lavar louças, por volta das 21 horas.

O cozinheiro foi atendido pelo Samu e morreu na UPA (Unidade de Pronto Atendimento). De acordo com uma testemunha, um princípio de incêndio chegou a ser controlado por pessoas que estavam no local e uma enorme confusão se formou no estabelecimento, que estava repleto de hóspedes, clientes e funcionários.

“Deu uma explosão na cozinha do El Gordo, deu choque em funcionários que estavam lá e um cozinheiro saiu morto”, revelou a testemunha, que preferiu não se identificar.

Segundo o cunhado do cozinheiro, antes de receber a descarga elétrica fatal, Robson teria percebido que havia algo estranho e avisado aos colegas que estavam no local.

“A tragédia podia ter sido maior. Me contaram que ele começou a gritar, jogar bandeja na cozinha e acharam que ele estava estressado. Ele gritava: ‘corre, sai todo mundo’. Aí, eles se tocaram que estava acontecendo alguma coisa estranha. A menina que trabalha com ele me disse que ouviu algo estourando. Aí, ele escorregou, bateu numa bancada que estava dando choque, encostou a cabeça na geladeira, que estava em curto também, e caiu no chão. Ele foi um herói”, narra o cunhado.

“Tomam choque lá há 10 anos”

Nilton Santos da Silva, chef de cozinha e irmão de Acerola, afirma que os problemas elétricos no local eram antigos e de conhecimento dos responsáveis pelo estabelecimento.

Confira o depoimento de Nilton concedido ao site ‘Nossa Viagem’:

“A pousada El Gordo é um lugar irregular. Há mais de dez anos tem gente tomando choque lá. Aqui é um mundo de lavar dinheiro mesmo. E só vem crescendo o número de gente fazendo mansões e que quer ‘enricar’ às custas de gente como meu irmão. Ele ganhava um salário de R$ 1.200 para cuidar de tudo na cozinha, trabalhar o dia todo. E o chef de verdade, que deveria ser o responsável, nem entrava na cozinha.

Meu irmão morreu enquanto trabalhava lá, eletrocutado, e temos o laudo que comprova isso. A polícia tinha fechado a pousada para investigação, mas, agora, eu soube que mandaram consertar lá e que vão reabrir. Estão questionando até a causa da morte, mas temos como provar tudo. Nós queremos justiça. Queremos aquilo demolido para que não funcione mais porque o que eles sempre fizeram e fazem lá dentro é lixo. Quero que a Vigilância Sanitária visite a cozinha e veja o que está errado. Tenho vídeos da cozinha jorrando água, que mostram as irregularidades deles que meu irmão pedia e gritava para consertar”.

Segundo o delegado responsável pelo caso, a perícia já foi feita no local e o resultado deve sair em 10 dias. Com isso, a pousada foi autorizada a reabrir.

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