Saúde

China é o 2º maior exportador de produtos farmacêuticos ao Brasil

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Bolsonaro disse que não comprará vacina da China porque ela "não transmite segurança por conta da sua origem". No entanto, em 2020 a China se tornou o segundo maior exportador de produtos farmacêuticos ao Brasil

A vacina chinesa Coronavac (divulgação)

Maeli Prado, 6 Minutos

No centro da discussão entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, sobre a vacina para a Covid-19, a China se tornou em 2020 o segundo maior exportador de produtos farmacêuticos ao Brasil.

Dados do ComexStat, portal estatístico de comércio exterior do governo federal, mostram que os brasileiros importaram até setembro 3,5 mil toneladas em remédios e insumos farmacêuticos do gigante asiático, um salto de 25,8% na comparação com o ano passado.

Nesse ranking, a China perde somente dos Estados Unidos, que encabeçam a lista com 3,7 mil toneladas.

Ao lado da Índia, a China é tradicionalmente um grande fornecedor global de princípios ativos de remédios. A estimativa da indústria é que 70% dos insumos essenciais ao funcionamento de remédios fabricados no Brasil venham do gigante asiático.

Os medicamentos são compostos de uma pequena parte de princípio ativo, que é o que realmente vai atuar contra a doença, e o restante de excipientes, que são produtos que dão suporte à atuação dos primeiros no organismo.

“A China é um grande player desse mercado”, explica Norberto Prestes, presidente executivo da Abiquifi (Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos). “Ela produz matéria prima para o mundo inteiro a preços baixos”, acrescentando que os Estados Unidos, por exemplo, que são o maior exportador para o Brasil, também utilizam uma maioria de insumos chineses na confecção de medicamentos.

Ele conta que nas décadas de 60 e 70, o Brasil produzia metade dos insumos consumidos. “Mas a redução de preços no mundo todo fez nossa indústria perder competitividade”.

Salto de importações em 2020

Neste ano, os chineses deram um salto no fornecimento desses itens ao Brasil. Enquanto a importação total de produtos farmacêuticos recuou, em volume, 1,8% entre janeiro e setembro na comparação com mesmo período de 2019, as compras da China aumentaram quase 26%.

O destaque foi para produtos imunológicos, como antibióticos, nos quais as importações dispararam mais de 2.400%.

“Durante a pandemia, quem tem problemas como pressão alta, colesterol, etc, foi na farmácia e fez um estoque. Isso fez com que a indústria aumentasse as compras de insumos da China”, afirma. Prestes. No caso de outros países, como Estados Unidos e Argentina, houve queda no volume de produtos farmacêuticos importados.

Desde a última terça (dia 21), Bolsonaro iniciou uma polêmica em torno da compra da vacina CoronaVac, da empresa chinesa Sinovac, que está em teste no Brasil pelo Instituto Butantan.

“Da China não compraremos. Não acredito que ela transmita segurança para a população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso”, afirmou o presidente da República em entrevista à rádio Jovem Pan.

O posicionamento de Bolsonaro aconteceu após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciar a compra de 46 milhões de doses da vacina pelo governo federal.

A CoronaVac é a vacina adquirida pelo estado de São Paulo, do governador João Dória, um dos principais inimigos políticos do presidente.

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