EUA

Nova York tem aumento de intoxicação por desinfetante após fala de Trump

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Número de ocorrências por envenenamento relacionado a desinfetantes mais do que dobrou nas 18 horas seguintes à sugestão de Donald Trump. Após incidente, presidente diz que deve suspender coletivas

A cidade de Nova York registrou um aumento no número de casos de intoxicação por desinfetante, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter sugerido em coletiva de imprensa que a injeção do produto poderia ajudar no tratamento contra o novo coronavírus. As informações são da rede americana NBC.

De acordo com a NBC, o centro de controle de envenenamento da cidade recebeu 30 chamadas relacionadas aos produtos nas 18 horas seguintes à sugestão do presidente – mais que o dobro do mesmo período no ano passado, quando apenas 13 casos foram registrados.

Entre os 30 casos registrados nessas dezoito horas, nove envolviam o desinfetante Lysol; outros dez eram relacionados a alvejantes e onze incluíam outros produtos de limpeza.

A declaração do presidente Donald Trump foi feita na última quinta-feira, 23, em um briefing na Casa Branca. O presidente sugeriu que uma “injeção no interior” do corpo humano com um desinfetante como água sanitária ou álcool isopropílico poderia ajudar a combater o vírus.

“E então vejo o desinfetante, onde ele é eliminado em um minuto” disse Trump após uma apresentação de William N. Bryan, um subsecretário de ciências do Departamento de Segurança Interna, detalhando a possível suscetibilidade do vírus a água sanitária e álcool.

“Um minuto”, disse o presidente. “E existe uma maneira de fazer algo assim, injetando dentro ou quase limpando? Porque você vê que entra nos pulmões e alcança uma cifra enorme nos pulmões. Portanto, seria interessante verificar isso.”

Na sexta-feira, os fabricantes de produtos de limpeza doméstica se manifestaram. Reckitt Benckiser, da fabricante de Lysol e Dettol, emitiu o primeiro aviso, dizendo: “Sob nenhuma circunstância nossos produtos desinfetantes devem ser administrados ao corpo humano (por injeção, ingestão ou qualquer outra via)”.

A Clorox, fabricante de alvejantes, logo o seguiu, dizendo que é fundamental que os consumidores entendam os fatos. “Alvejantes e outros desinfetantes não são adequados para consumo ou injeção em nenhuma circunstância”, afirmou o documento.

Coletivas suspensas

Trump afirmou que seus “briefings” diários sobre o novo coronavírus não valem seu tempo dois dias depois de sugerir que pacientes com Covid-19 deveriam ter desinfetante injetado no organismo para combater a doença.

O anúncio parece confirmar informações publicadas pela imprensa de que Trump estaria considerando suspender os “briefings”, que dominam o noticiário na TV americana às vezes por mais de duas horas, manifestando frustração com as perguntas sobre sua estratégia para lidar com a pandemia.

“Qual o propósito de manter coletivas na Casa Branca quando a “Lamestream Media” (termo pejorativo com o qual conservadores como Trump se referem à grande imprensa) só faz perguntas hostis e depois se recusa a informar a verdade ou os fatos de forma precisa”, escreveu Trump.

“Vejo que o desinfetante aniquila (o vírus) em um minuto. Um minuto. Há alguma forma de que possamos fazer algo assim com uma injeção? Porque você vê que o vírus chega aos pulmões e causa um tremendo estrago nos pulmões”, afirmou.

Depois que especialistas médicos e fabricantes de desinfetantes repudiaram com veemência sua sugestão, Trump alegou na sexta-feira que ele fez a sugestão “de forma sarcástica”.

informações de agência estado e AFP

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