Saúde

Coronavírus já matou mais no Brasil do que previu Jair Bolsonaro

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Em entrevista no dia 22 de março, Jair Bolsonaro fez uma estimativa sobre o número de pessoas que morreriam vítimas de coronavírus no Brasil. Esse número já foi superado nesta quarta-feira, 8 de abril, com todas as autoridades sanitárias garantindo que ainda estamos longe do pico

Funcionários de funerária carregam caixão com vítima de coronavírus no MS (Imagem: Adilson Domingos/Captura de tela/Campo Grande News)

Nesta quarta-feira (8), o número de mortos pelo novo coronavírus (Covid-19) no Brasil superou a marca que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) previu para toda a pandemia.

De acordo com o mais recente boletim oficial do Ministério da Saúde divulgado às 17h, o país tem 800 mortes registradas decorrentes da doença. Em números ainda mais atualizados, as secretarias estaduais de Saúde divulgaram, até as 21h45, 16.195 casos e 822 mortes.

No dia 22 de março, em uma entrevista à TV Record, Jair Bolsonaro tentou minimizar o avanço do coronavírus no Brasil. Na ocasião, o presidente cravou que haveria menos óbitos com o novo vírus do que os causados pelo H1N1 todo o ano de 2019 — foram 796 mortes.

Na entrevista à Record, Bolsonaro se mostrou preocupado com a economia e fez críticas a governadores que adotaram medidas de isolamento social para conter a pandemia.

“Com o desemprego aí, acontecendo, a catástrofe será maior, mais ainda. O número de pessoas que morreram de H1N1 no ano passado foi na ordem de 800. A previsão é não chegar a essa quantidade de óbitos no tocante ao coronavírus. Tem certos números que temos que levar em conta. Essas crises, esses vírus, acontecem no mundo todo, o tempo todo. Então, calma, tranquilidade, não levar pânico à população”, minimizou o presidente.

Dois dias depois, em pronunciamento na TV que chocou o país, o presidente afirmou que, caso fosse infectado pelo coronavírus, “nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho”. Era a segunda vez que alegava que a covid-19 só causaria uma “gripezinha”.

Osmar Terra

No dia 18 de março, no twitter, o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra, que agora se tornou uma espécie de consultor de Bolsonaro para a epidemia, fazia exatamente a mesma previsão repetida pelo presidente na entrevista.

“A gripe suína, H1N1, matou 2 pessoas a cada dia no Brasil em 2019. Este número, deve ser maior que as mortes que acontecerão pelo coronavírus. E não se parou o país nem se destruiu a economia, como está acontecendo agora. É o fato e versão do fato.”

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A gripe H1N1 matou 796 pessoas no Brasil no ano passado. No mundo, em poucos meses, a pandemia do coronavírus já soma quatro vezes mais mortos do que toda a epidemia de H1N1, segundo a OMS.

Longe do pico

Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o surto de coronavírus no Brasil ainda não atingiu sequer sua fase de aceleração, nem tampouco seu pico de contaminação.

A fase de aceleração da epidemia está prevista para a semana entre 4 e 10 de maio, segundo a pasta. Já o pico da doença é estimado para a primeira semana de junho. A partir daí, teoricamente, haveria uma desaceleração na doença.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse nesta quarta-feira (8) que a epidemia está crescendo abaixo do ritmo de 20%, o que seria um reflexo do distanciamento social nas duas últimas semanas. Mas se mostrou preocupado com o relaxamento de medidas em algumas cidades, como o Rio.

“Com as duas últimas semanas, onde nós diminuímos muito a mobilidade social, esse número vinha em 25% de crescimento, caímos e chegamos a 16%. Vejo que estamos largando mão nos grandes centros. Rio de Janeiro decidiu andar. Se esse número andar, vai apontar ali para acima. Não tem sistema de saúde que aguente”, afirmou o ministro.

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