Cultura

“Rock leva ao aborto e satanismo”, diz novo presidente da Funarte

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Novo presidente presidente da Funarte do governo Bolsonaro afirma ainda que os Beatles surgiram para "implantar o comunismo no planeta". Ele apagou todos os seus perfis nas redes sociais ao assumir o cargo

Dante Mantovani (Imagem: Eliseu Carvalho)

O governo Bolsonaro nomeou Dante Mantovani nesta segunda-feira (2) como o novo presidente da Funarte. Mantovani é maestro, conservador e também tem um canal no YouTube.

O canal no YouTube tem poucos mais de 6,88 mil inscritos, e é a única rede social que continua no ar. Perfis no Instagram, Facebook e Twitter foram apagados na semana passada, quando seu nome começou a ser cotado para o cargo.

As ideias defendidas por Mantovani são, no mínimo, bizarras. Seus vídeos ainda estão no ar, mas não se sabe até quando. Nas gravações, ele compartilha reflexões e teorias da conspiração sobre política e arte.

Entre outros assuntos, ele afirma que o fascismo é de esquerda, diz que fake news é um conceito globalista para impor a vontade da imprensa, chama a Unesco de “máquina de propaganda em favor da pedofilia”.

Aluno de Olavo de Carvalho, ele tem um vídeo inteiro dedicado a explicar um comentário recente do ideólogo, de que o filósofo alemão Theodor W. Adorno, da Escola de Frankfurt, teria escrito músicas dos Beatles.

“Não é que o Adorno tenha falado assim para os Beatles, ‘faça isso, faça aquilo, faça a liberação das drogas’. O teórico desenvolve a teoria e o agente vai lá e age”, diz. “Na esfera da música popular, vieram os Beatles, para combater o capitalismo e implantar a maravilhosa sociedade comunista.”

No mesmo vídeo, o maestro traça relações entre os serviços de inteligência e a indústria fonográfica americana, dizendo que agentes soviéticos infiltrados inseriam “certo elementos” em músicas para fazer “experimentações” e “engenharia social” com crianças e adolescentes.

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O resultado — o rock de Elvis Presley e dos Beatles — seria parte de um plano para vencer os Estados Unidos e o capitalismo burguês a partir da destruição da moral da juventude e das famílias.

“O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. E a indústria do aborto alimenta uma coisa muito mais pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de uma vez, que fez um pacto com o satanás.”

Olavo é citado até na tese de doutorado de Mantovani. “Ao professor Olavo de Carvalho, cujas aulas, livros e artigos me resgataram de um mar de dúvidas que pareciam insolúveis e me propiciaram a clareza mental e a coragem necessárias para finalizar este trabalho”, escreveu.

Além do presidente da Funarte, o governo Bolsonaro também nomeou hoje o novo presidente da Biblioteca Nacional. Trata-se de Rafael Nogueira, que também é aluno de Olavo de Carvalho e se autoproclama aspirante a “filósofo e polímata”.

Os dois estão subordinados à Secretaria Especial da Cultura, hoje sob comando do dramaturgo e diretor Roberto Alvim.

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