Europa

O vídeo que derrubou o governo de extrema-direita na Áustria

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Gravação escondida derruba governo de extrema-direita na Áustria. Conversas foram gravadas enquanto as pessoas bebiam drinques e energéticos e comiam sushi

(Captura de tela do vídeo que derrubou o governo de extrema-direita na Áustria)

Uma gravação bombástica derrubou o governo de extrema-direita na Áustria neste sábado (18). O vice-chanceler do país, Heinz-Christian Strache, renunciou após a divulgação do vídeo em que ele aparece disposto a aceitar ajuda financeira russa em troca de favores e contratos estatais.

“Hoje tive uma reunião com o chanceler federal (Sebastian Kurz) e lhe ofereci minha demissão, que ele aceitou”, declarou Strache em entrevista coletiva em Viena. O chefe do ultradireitista Partido Liberal (FPÖ) admitiu ter cometido um “erro” e disse que abandonava o cargo para evitar a queda do governo.

No entanto, sua renúncia não foi suficiente para manter o governo. Depois do escândalo, o chanceler Sebastian Kurz, do Partido Popular, anunciou que a coalizão com o Partido Liberdade está dissolvida e pediu a realização de novas eleições.

A coalizão que governa a Áustria é formada pelo Partido Popular (conservador) e pelo Partido Liberdade (ultranacionalista de extrema-direita).

A filmagem, publicada pela revista “Der Spiegel” e o jornal “Süddeutsche Zeitung”, foi gravada com uma câmera escondida durante uma reunião em uma vila em Ibiza (Espanha) no verão de 2017, poucos meses antes das eleições legislativas de outubro do mesmo ano.

Nas imagens, Strache promete contratos estatais a uma mulher que se fez passar como sobrinha de um oligarca russo. Ele faz essa oferta como uma contrapartida a uma doação que a mulher faria para a campanha eleitoral.

O dinheiro seria entregue a uma associação, para não fosse preciso informar a doação ao órgão competente, conforme estipula a lei de financiamento de partidos.

Strache ainda sugere à suposta herdeira russa que ela compre ações do maior jornal austríaco para apoiar a campanha de seu partido. Ele afirma que seria necessário demitir alguns jornalistas do diário, contratar outros e mudar sua linha editorial.

Mais detalhes

Cinco pessoas aparecem na conversa: Heinz-Christian Strache, do Partido da Liberdade. Johann Gudenus, outro dirigente do Partido da Liberdade. A esposa de Gudenus. Um intérprete. Uma mulher que diz ser sobrinha de um oligarca russo; essa russa afirma que quer investir 250 milhões de euros na Áustria.

Desde a ascensão do Partido da Liberdade ao poder, ele tem uma relação de confronto com a mídia jornalística. Strache sugere que a russa compre o maior jornal da Áustria e faça uma cobertura favorável a ele.

Em certo trecho do vídeo, o extremista de direita chama os jornalistas de “as maiores prostitutas do planeta” e outros impropérios. Eles consomem bebida alcoólica, energéticos e comem sushi. O vídeo tem uma duração total de mais de cinco horas, segundo o The New York Times.

Vídeo:

Heinz-Christian Strache

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