Saúde

Médico brasileiro é flagrado agredindo grávida em trabalho de parto

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Jovem grávida de 16 anos é agredida verbalmente e fisicamente por médico durante trabalho de parto. Violência do profissional foi filmada por auxiliares. “Depois disso não quero outro filho. Ele é um monstro”, desabafou a vítima

Jovem grávida foi covardemente agredida por médico durante parto (Imagem de fundo: Antonio Lima)

Um vídeo de uma jovem grávida sendo agredida verbalmente e fisicamente por um médico foi publicado nas redes sociais nesta terça-feira (19). O nome do obstetra é Armando Andrade de Araújo.

O crime aconteceu em Manaus (AM), em maio de 2018, na maternidade Balbina Mestrinho, mas só agora o caso foi tornado público. A vítima tem 16 anos e ainda sofre as consequências da violência.

A jovem não tinha passagem suficiente para a criança sair e foi agredida pelo obstetra que se negou a fazer uma cesariana. O momento da agressão foi filmada por um dos integrantes da equipe que acompanhava o parto e publicado nas redes sociais, nove meses após o ocorrido.

Além de xingar a jovem, o médico chega a bater nas coxas dela. Em seguida, uma familiar da vítima que acompanhava o parto se pronuncia e afirma que vai denunciar o caso. Irritado, o médico grita para que a família o denuncie.

“Eu não tinha o vídeo, por isso não denunciamos antes. A mulher que gravou não quis enviar o vídeo por medo, eu acho. Aí o vídeo apareceu na internet e minha mãe que me ligou avisando”, disse a adolescente.

“Meu primeiro e último filho. Depois disso não quero outro filho. Espero que a justiça seja feita e não aconteça com outras mulheres. Ele é muito violento, é um monstro”, desabafou a jovem.

VÍDEO:

O parto

A menina contou que chegou à maternidade dia 18 de maio de 2018, por volta das 7 horas da manhã, sentindo muita dor. “Passei o dia fazendo exercícios [para o parto], não podia comer nada, só tomei dois copos de suco. Na madrugada do dia 19 passei por isso”, contou.

Ela entrou em trabalho de parto às 2h e a criança nasceu às 5h33 do dia 19. “O médico pedia para a enfermeira segurar a minha perna, para eu não me mexer, e para outra médica subir na minha barriga para o neném sair. Minha sogra falou que ia chamar a polícia e a imprensa, e ele ficou com raiva e me bateu. Ele estava muito violento, batia na minha perna. Eu estava com muita dor, estava quase desacordada. E ele estava ali, tentando tirar o neném à força”, lembrou, emocionada.

Após as reclamações, outro médico assumiu o parto. Segundo a jovem, ele fez um corte e o bebê nasceu. A menina contou ainda que passou alguns dias sem poder andar e sentindo muita dor, por conta do procedimento adotado no parto.

A jovem contou ainda que a família pensou em denunciar, e pediu para que os outros profissionais que acompanharam o parto servissem de testemunhas, mas ninguém aceitou.

“Quando a minha sogra foi falar com as enfermeiras para fazer a denúncia, elas disseram que não, porque elas trabalhavam lá”, lamentou a mãe.

Depois do vídeo

A jovem afirmou também que na noite desta terça-feira (19), assim que o vídeo ganhou as redes sociais, a secretária do obstetra entrou em contato com ela para perguntar se precisava de alguma coisa.

“A secretária ligou ontem pra mim, perguntando se tava precisando de alguma coisa, se eu tinha feito boletim de ocorrência, se tinha ido à delegacia. Só tentou me coagir. E eu desliguei o telefone”, declarou.

O médico Armando Andrade de Araújo será investigado em dois diferentes inquéritos policiais, de acordo com a titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), a delegada Débora Mafra. Ele deve ser ouvido na próxima semana.

“Vamos notificá-lo para ouvi-lo. Ele tem que responder ao fato e mandaremos [o caso] para a Justiça em seguida. Ele vai responder por coação no curso do processo. Quando você está sendo indiciado, não pode fazer nada que interfira ou queira interromper e ser um obstáculo daqueles procedimentos criminal. Além de injúria e vias de fato no dia do parto da vítima”, disse a delegada.

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Há cinco boletins de ocorrência contra o médico. Segundo Mafra, as enfermeiras também serão investigadas e podem ser chamadas para prestar depoimento.

“Temos mais cinco B.O.s (contra o médico) narrando fatos semelhantes ao que essa vítima fala: xingamentos, tapas e agressividade em um momento que deveria ser terno”, lamentou a delegada.

O médico Armando Andrade de Araújo

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